Segunda onda?

Casos de coronavírus voltam a crescer em Manaus e prefeitura sugere novo lockdown

Governo do Amazonas discorda da possibilidade; estado perdeu ícone cultural Klinger Araújo para a covid nesta terça (29)

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Assim como no restante do Brasil, índices de isolamento em Manaus estão abaixo do ideal há meses
Assim como no restante do Brasil, índices de isolamento em Manaus estão abaixo do ideal há meses - Bruno Kelli/Amazonia Real

O crescimento no número de infectados pela covid-19 em Manaus levou o prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) a sugerir que fossem decretadas medidas de isolamento rígidas por duas semanas na capital amazonense. Horas depois, o governador do Amazonas Wilson Lima (PSC), descartou a possibilidade e confirmou o retorno das aulas presenciais no ensino fundamental. Os embates vieram a público no mesmo dia em que o estado perdeu um ícone cultural do boi-bumbá, o cantor e levantador Klinger Araújo.

O artista estava internado com covid-19 desde o dia 13 de setembro. Aos 51 anos, Klinger tinha trajetória de 30 anos nas manifestações culturais. Conhecido como Furacão do Boi e Mestre, era adorado pela população da região. Além de atuar nos festivais de Boi Bumbá, ele também percorria o país divulgando a tradição folclórica do Amazonas.


Klinger Araújo foi essencial para a a consolidação dos festejos, considerados patrimônio cultural do Brasil desde 2018. / Reprodução

Manaus já registrou a morte de mais de 2,5 mil pacientes com coronavírus. O número de casos ultrapassa 50 mil pessoas na cidade, que passou por colapso nos sistemas de saúde e funerário em abril e maio. Segundo a Fundação de Vigilância em Saúde (FVS-AM), o total de infectados no estado é de 136.708 e óbitos chegam a 4.031. Os números das últimas semanas estão bem abaixo dos picos registrados no primeiro semestre. Todavia, pesquisa da Fiocruz alerta para altas contínuas há quarto semanas. 

A trajetória da covid-19 na capital amazonense chegou a ser usada como exemplo para o conceito de imunidade de rebanho, quando a circulação do vírus é controlada após um grande número de pessoas infectadas. Em todo o mundo, no entanto, especialistas eram unânimes ao alertar para o total expressivo de mortes que são causadas até que esse patamar seja atingido. Além disso, a volta do crescimento de casos em Manaus enfraquece a tese consideravelmente. 

 

Exemplo para o Brasil

A situação da capital do Amazonas pode servir como alerta para o Brasil como um todo. O país viu um decréscimo nos números diários de casos e óbitos nas últimas semanas, mas praticamente todo o território nacional tem índices de isolamento girando entre 35% e 47% desde agosto.

Para a Organização Mundial da Saúde, as medidas de distanciamento estão entre as principais formas de controle da propagação do vírus. Com o vírus ainda em circulação e a população nas ruas, os números podem voltar a subir. 

Segundo dados do consórcio de veículos de imprensa* que atualiza os números da pandemia, o total de mortes pelo coronavírus no Brasil chega a 143.010. Quase 850 óbitos foram registrados em um dia desde a segunda-feira (28). Até agora 4.780.317 pessoas foram contaminadas pela covid no país, 31.990 confirmações ocorreram somente nas últimas 24 horas. 

O que é o novo coronavírus?

Trata-se de uma extensa família de vírus causadores de doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos os vários tipos de vírus podem provocar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (MERS), a crises mais graves, como a Síndrome Respiratória Aguda Severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19.

Como ajudar quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.

*O consórcio de veículos de imprensa é uma iniciativa que reúne G1, O Globo, Extra, O Estado de S.Paulo, Folha de S.Paulo e UOL na apuração diária de números da covid. O Brasil de Fato atualiza os dados da pandemia a partir das informações do Conselho Nacional de Secretários de Saúde, mas o site da instituição está fora do ar há dois dias. Por entender que os resultados informados pelo Ministério da Saúde podem não ser fiéis à realidade, o BdF utiliza, excepcionalmente neste texto, os número levantados pelo consórcio.

Edição: Rodrigo Chagas