Donald Trump e Joe Biden participaram nesta terça-feira (29) do primeiro debate presidencial das eleições deste ano nos Estados Unidos. O caótico confronto entre os dois foi marcado por incessantes interrupções de Trump, pela recusa dele em condenar supremacistas brancos e com Biden chamando o presidente de palhaço e sugerindo pagar o Brasil para proteger a Amazônia.
O moderador do debate, o jornalista da Fox News Chris Wallace, chegou ao ponto de lembrar Trump que a campanha do republicano havia concordado em dar a cada candidato dois minutos para sua fala, e que além disso, quem comandava a discussão era ele, e não o presidente.
Em determinado momento, Biden chegou a pedir a Trump que calasse a boca.
A discussão foi tão caótica que nem a imprensa norte-americana conseguiu chegar a uma conclusão sobre o vencedor do debate. Ao final da transmissão, o âncora da NBC Lester Holt se dirigiu ao telespectador do evento com palavras de consolo: "Se o fim deste debate é música para seus ouvidos, saiba que não é só para você".
Supremacistas
Durante o debate, Trump se recusou a condenar supremacistas brancos. Questionado por Wallace sobre isso, o presidente disse que tudo o que via “vinha da esquerda, não da direita”. O moderador insistiu e pediu para que Trump, então, condenasse os movimentos de direita radicais. O presidente saiu pela tangente e, ao invés de repreender a extrema-direita, disse somente “afastem-se, esperem”. E voltou a falar de grupos antifascistas.
O debate tinha seis tópicos pré-determinados, mas eles foram pouco respeitados, já que tanto Biden, quanto Trump insistiam em desviar do assunto – para desespero de Wallace, que, por vezes, chegava a desistir de continuar com a discussão.
Dinheiro para o Brasil
No tópico sobre mudanças climáticas, Biden citou as queimadas no Brasil. “A primeira coisa que vou fazer é aderir novamente ao Acordo de Paris. As florestas no Brasil, por exemplo, estão desmoronando", afirmou.
O democrata chegou a sugerir “dar US$ 20 milhões” ao Brasil para controlar os incêndios florestais, dizendo que, caso isso não resolvesse a questão, imporia sanções contra o país.
Biden saiu pela tangente na hora de explicar seus planos para os impostos no país, e disse que quer eliminar algumas das vantagens dadas a grandes empresas por Trump. O democrata acusou o atual presidente de ter destruído uma "economia forte", que teria sido deixada pelo presidente Barack Obama. Wallace interveio e disse: "O governo Obama terminou com desemprego recorde".
Trump foi ao debate sob a sombra das revelações deste domingo (27) do jornal The New York Times, que mostrou que o bilionário presidente pagou somente US$ 750 de imposto de renda em 2016 e 2017. Questionado sobre isso por Wallace, Trump afirmou que pagou US$ 38 milhões em um ano, mas sem dizer exatamente em qual.
Wallace insistiu: "Fiz uma pergunta específica. Quanto o senhor pagou em 2016 e 2017?". Resposta de Trump: milhões de dólares".
Coronavírus
Outro tópico que gerou bate boca entre Trump e Biden foi o novo coronavírus. O presidente disse que, se seguisse o que o rival democrata pretendia fazer, não teria suspendido os voos para a China.
Sob risos de Biden, Trump, que chamou o coronavírus de "praga chinesa", se gabou de que "governadores democratas" teriam elogiado seu trabalho no combate à covid-19 - sem dizer quais ou mesmo quando isso teria acontecido.
O presidente aproveitou a oportunidade para acusar Biden de ser uma espécie de "cavalo-de-troia" socialista, dizendo que ele implantaria uma "medicina socialista", sem, novamente, explicar o que queria dizer com isso.
Biden lembrou da vez em que Trump sugeriu a injeção de água sanitária para combater a covid-19. O presidente disse que "estava sendo sarcástico".
O próximo debate presidencial está marcado para 15 de outubro, em Miami. Antes, no dia 7 de outubro, acontece em Salt Lake City o debate entre o republicano Mike Pence e a democrata Kamala Harris, candidatos a vice-presidente.
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