Em 2005, Tatielle Gomes descobriu que sua gestação precisaria ser interrompida por conta de uma má formação do feto. O caso de Tatielle se encaixa no tipo de aborto que está previsto em lei no Brasil, quando o feto tem alguma anomalia.
Ela ia realizar o aborto legal, mas quando o procedimento cirúrgico estava começando, foi interrompido porque um padre entrou com um "habeas corpus" em defesa do feto, que foi aceito pela Justiça.
O hospital suspendeu o atendimento e Tatielle precisou ficar mais 11 dias com o procedimento não terminado, até dar à luz a um feto que morreu em seguida.
Tatielle entrou com ação judicial contra a conduta do padre. Foram 15 anos até que em agosto deste ano o padre foi condenado a pagar 398 mil reais por danos morais à Tatielle.
Gabriela Rondon, pesquisadora e advogada da Anis Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero, comenta que esse episódio foi muito dramático e causou profundo sofrimento à Tatielle: "Foi um episódio muito dramático na vida dela, causado por esse padre que interferiu num processo autorizado pela Justiça, e que trazia tantos riscos a ela; causou e causa profundo sofrimento nela até hoje".
O Fundo Vivas - pelo direito ao aborto legal e seguro, idealizado pelo Instituto AzMina e pelo Instituto de Bioética, é uma campanha solidária para arrecadar dinheiro e ajudar pessoas como Tatielle, ou o da menina capixaba de 10 anos, vítima de estupro, que teve que ser escondida para realizar o aborto legal.
Rondon, menciona que enquanto a quantia destinada à Tatielle não for paga, uma parte do dinheiro arrecadado na campanha será dado a ela. E reposto ao Fundo Vivas assim que Tatielle receber o valor determinado pela Justiça.
A diretora de redação da revista AzMina, Helena Bertho, fala sobre a necessidade do projeto na conjuntura atual: "A gente tá vivendo um momento de muito ataque aos direitos das mulheres, de muito fundamentalismo, extremismo, então é essencial que exista uma forma de acolher e amparar essas mulheres, dar pra elas apoio pra conseguir acesso a seus direitos, e também amparo para que possam lidar com as violências sofridas.
Confira a reportagem completa e todos as informações desta sexta-feira do jornal no áudio acima.
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Edição: Mauro Ramos