A comida mais famosa da Ilha chama-se 'moros y cristianos', é feijão preto misturado com arroz
- Vai pra Cuba!
Quando algum imbecil bolsonarista me diz isso, respondo:
- Já fui. E fui pra Miami também. Lugar que vocês gostam.
De Cuba eu gostei tanto que voltei. Para Miami, nunca tive vontade. Não voltei.
Na primeira vez que fui para Cuba, com minha namorada, passamos 15 dias lá. Havana parecia muito com Salvador, a bela e gostosa capital baiana.
Muitos negros, muita música, muita alegria e até macumba nas esquinas, com galinhas pretas e velas acesas de madrugada.
A comida, nem tanto. Nada de pimenta, pouco tempero. Parece mais com a comida mineira, com carne de porco, mandioca, feijão, arroz... E tinha até carrinhos que vendiam torresmos em saquinhos iguais aos de pipoca. Naquele calorão... E as pessoas comiam bastante.
Mas tinha uma diferença da comida mineira: nós mineiros gostamos de comida bem temperada, e lá usam pouco tempero.
A comida mais famosa da Ilha chama-se “moros y cristianos”, é feijão preto misturado com arroz, daí o nome: mouro, o feijão preto; e cristão, o arroz branco.
Parece com o baião de dois daqui, mas sem a manteiga de garrafa e outros temperos.
Pensando no aniversário da morte de Che Guevara, em 8 de outubro, eu me lembrei dessa viagem que fizemos em 1985.
Para ir lá, naquela época, tinha que ser meio clandestino, o passaporte brasileiro tinha um carimbo: “Válido para todos os países, exceto China e Cuba”. Uma das alternativas era ir ao Peru e de lá pegar um voo de uma companhia peruana para Havana. E na chegada perguntavam se a gente queria carimbar o passaporte com registro de entrada. Quase ninguém queria, com medo de se dar mal quando voltasse ao Brasil.
:: A vida cobra aqueles que resolvem beijar cobras ::
Falando em voltar, eu me diverti muito na viagem de volta. Desta vez pela empresa de aviação Cubana.
Os aviões eram russos, meio barulhentos e menos sofisticados. Mas a viagem, com escala no Panamá, foi muito mais divertida.
As aeromoças eram negras e gordinhas. E alegres. E serviam bebidas à vontade. Boas doses de rum com 7 anos de envelhecimento e cerveja com 12 graus de álcool.
Aí veio o almoço... Pensei nas tradicionais comidas de avião, insossas e minúsculas.
Mas o que a aeromoça sorridente nos serviu não era nada disso, me deixou surpreso: arroz, feijão preto, carne de porco e mandioca cozida!
Foi a primeira e única vez que tive uma refeição desse tipo a bordo de um avião. E tomei mais rum depois do almoço.
Edição: Douglas Matos
