“Comer é um ato aprendido, então os pais precisam dar bons exemplos desde o começo"
A infância é talvez o momento mais importante na vida de um ser humano. É nesse período que a gente aprende as principais habilidades que vão nos acompanhar e auxiliar em tudo o que pretendemos fazer durante a nossa vida, como andar, falar, escrever, ler e interagir com outras pessoas.
É nessa fase também que a gente começa a descobrir os sabores, cheiros e texturas dos alimentos. E a partir disso, vamos formando o nosso paladar e preferências por determinados pratos e temperos.
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A nutricionista Camila de Souza Oliveira é especialista em alimentação infantil. Ela fala da importância de apresentar alimentos saudáveis e diversos desde cedo para a criança.
“Comer é um ato aprendido, então os pais precisam dar bons exemplos desde o começo da introdução alimentar. Colocar essa criança para observar as refeições familiares e é indispensável que a refeição seja de qualidade, seja com bons alimentos. Depois, em todas as fases que vão vir, a fase da seletividade, que a gente sabe que vem com a criança um pouquinho maior, ou então quando ela está em idade pré-escolar ou até mesmo escolar, que ela tem contato com outras crianças, é importante que a educação nutricional tenha sido feita em casa, para que ela leve esses hábitos para onde ela for”, explica.
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Além de influenciar em como e o que a criança vai comer no futuro, o que é oferecido para ela nessa fase, também pode contribuir ou atrapalhar no desenvolvimento integral dela.
“É fato que a criança que se alimenta bem, cresce saudável e isso inclui não só o desenvolvimento corporal, quando a gente está falando de crescimento, mas também a parte cognitiva, a parte de aprendizado. O rendimento da criança tende a ser muito bom, por causa do papel desses nutrientes, que são indispensáveis nas habilidades cerebrais”, relata a nutricionista.
Por isso, ela alerta que certos alimentos não são recomendados para essa fase tão importante, como é o caso dos biscoitos recheados, salgadinhos, refrigerantes, balas, chicletes e até mesmo aqueles que se vendem como indicados para as crianças, como os sucrilhos e os iogurtes.
E o que eles têm em comum? Todos são ultraprocessados e carregam na sua composição aditivos químicos e muito açúcar e sódio. Ou seja, eles não podem mesmo ser a base da alimentação de um ser em desenvolvimento.
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Mas, existem alimentos que podem ser uma alternativa mais saudável para as refeições dos pequenos.
“Uma mandioca, uma batata-doce ou até mesmo o milho. A gente pode pensar, por exemplo, nos cereais como a aveia, a granola sem açúcar. A gente acrescentar esses ingredientes em preparações, então por exemplo, a aveia que a criança não aceita comer com uma fruta ou um iogurte natural, por exemplo, ela pode aceitar em uma preparação como um bolo caseiro”, propõe Camila.
A nutricionista também dá dicas para a primeira refeição do dia. “Sempre tendo nos lanches intermediários e no café da manhã uma fruta e uma fonte de cálcio, que pode ser tanto o leite e seus derivados ou então nas sementes, como a de girassol, a gente pode encontrar nas folhas verdes escuras. O ovo mexido, por exemplo no café da manhã, as crianças tem boa aceitação ou uma omelete, que dá para acrescentar a aveia e uma cenourinha ralada”, finaliza.
Uma alternativa também é oferecer frutas, legumes e verduras de formas diferentes, que atraiam a atenção das crianças. A artesã Karen Cristina de Macedo, por exemplo, encontrou um jeito do seu filho Gabriel, de 11 anos, comer abobrinha e berinjela, dois alimentos que ele não gosta. “Agora berinjela e abobrinha, ele come em um hambúrguer que o Carlos [responsável] faz, porque aí o sabor fica mascarado”, relata.
Mesmo que dentro de casa os responsáveis pelas crianças busquem meios de incentivar uma alimentação mais saudável, ainda é preciso lidar com a forte propaganda que a indústria alimentícia destina aos pequenos todos os dias.
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Nesse sentido, a nutricionista Ana Carolina Franco Dias conta que a melhor opção é o diálogo. “Para proteger as nossas crianças, tem que conversar, sempre deixando claro para a criança, que isso não é algo que nós comemos aqui em casa, isso não é gostoso, isso não faz bem para o seu corpinho. Mas, leva a criança para conhecer, a gente tem que pensar que a criança tem a curiosidade, então vale sim, esporadicamente. A criança quer muito algo, ela viu no supermercado, viu na TV, viu na casa de algum coleguinha, então oferece para ela o alimento. Se por acaso, a criança gostar, dependendo da idade, é realmente conversar e fazer acordos”, detalha.
Alguns profissionais do setor de nutrição também alertam é preciso respeitar o tempo de cada criança com o processo de identidade do paladar, entendendo que o processo pode ser diferente entre cada uma delas.
Edição: Daniel Lamir