Dos 14 candidatos que disputam as eleições à Prefeitura de São Paulo, cinco não citam a palavra “racismo”, “negro” ou “negra” em seus planos de governo, são eles: Andrea Matarazzo (PSD), Arthur do Val (Patriota), Celso Russomanno (Republicanos), Filipe Sabará (Novo) e Levy Fidelix (PRTB).
Na outra ponta está Jilmar Tatto (PT). Somadas, as palavras racismo (21), negro (13) e negra (25), aparecem 59 vezes nas 152 páginas de seu Plano de Governo. Nas propostas para Educação, o petista inclui políticas afirmativas para as populações preta e parda.
“Implementar medidas efetivas e imediatas para que a escola seja um espaço antirracista, com o fortalecimento dos Núcleos de Estudos e Relações Étnico-Raciais (NERER), para combater o racismo estrutural nas escolas e todas as formas de discriminação e preconceito”, aponta Tatto.
Em seguida, vem Guilherme Boulos (PSOL). O candidato menciona por 50 vezes as palavras racismo (8), negro (15) e negra (27). Em seu programa de governo, o pessolista destaca um tópico para apresentar propostas para combater o racismo na capital paulista.
“Constituir o Fundo Municipal de Políticas de Combate ao Racismo com um percentual fixo do orçamento municipal, prioridades definidas pelo Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (já existente) e gerenciado por Secretaria de Igualdade Racial a ser reconstituída”, diz Boulos em seu programa.
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Marina Helou (Rede) cita 28 vezes as palavras racismo (7), negro (4) e negra (17). O título de um dos capítulos do programa de governo da candidata é “Emancipar as pessoas”. Nele, a campanha sugere:
“Implantar o Plano Municipal de Ações Afirmativas e Combate ao Racismo, atualizado por meio da construção junto aos movimentos negros e à população negra e indígenas a partir de mecanismos participativos de escuta, diálogo e construção.”
No programa de governo de Antônio Carlos Silva (PCO), que é negro, as expressões racismo (0), negro (12) e negra (1) aparecem 13 vezes.
Carlos, porém, não apresenta propostas para aplacar o racismo na capital. O uso das expressões são em contexto de análise da população negra em São Paulo ou convocatória da população às manifestações. “É preciso sair às ruas para parar o genocídio que tem o povo negro como maior alvo, exigindo-se testes em massa para toda a população, estatização do sistema de saúde, contratação em larga escala de profissionais de Saúde, abertura de milhares de leitos nos hospitais públicos, etc”, enfatiza o programa do PCO.
Orlando Silva (PCdoB), que é um dos três negros que disputam a eleição paulistana, cita 13 vezes as palavras racismo (8), negro (4) e negra (1). O comunista tem um capítulo em seu Plano de Governo para tratar do tema: “São Paulo, cidade antirracista”. Nele, o candidato propõe medidas estruturais da administração pública.
“Na composição do secretariado, na distribuição dos cargos de chefia, na formulação das políticas públicas, em todas as decisões relevantes, a temática antirracista estará representada. Será tarefa dessa equipe, em articulação com a sociedade civil e com o Legislativo Municipal, propor um Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial, peça central da futura gestão da cidade”, diz o programa do PC do B.
Em um Plano de Governo de apenas seis páginas, Vera Lúcia (PSTU) cita por 8 vezes as palavras racismo (2), negro (3) e negra (3). Negra, a candidata apresentou seu documento de campanha com poucas propostas e mais análises ou críticas à atual gestão.
Em um dos trechos do Plano de Governo, Lúcia pede: “Por uma política de combate ao racismo, machismo, lgbtfobia e xenofobia nas escolas! Fortalecimento dos Conselhos Escolares e da Gestão Democrática, buscando maior diálogo, participação e controle pela comunidade escolar.”
Nas 84 páginas de seu Plano de Governo, Joice Hasselmann (PSL) não fala sobre racismo e cita a palavra negra uma vez e negro em outra oportunidade. “Há equipes especializadas para atendimento das necessidades de saúde da população indígena, da comunidade LGBT, da população negra etc”, explica a candidata, ao detalhar a aplicação do orçamento de Saúde em São Paulo. Não há propostas para o combate ao racismo no município.
Bruno Covas (PSDB) cita apenas a palavra racismo, e uma única vez, em seu Plano de Governo de 46 páginas. No capítulo “SP para todos”, o atual prefeito apresenta, genericamente, medidas adotadas por seu governo.
“Com ações de inclusão social, de defesa dos direitos humanos, das minorias, das pessoas com deficiência e mobilidade reduzida, a acolhida aos imigrantes, o respeito à diversidade e à igualdade de gênero, o combate ao racismo e a todas as formas de preconceitos e discriminação, os direitos e as pautas das mulheres, com ações firmes de enfrentamento à violência doméstica, o cuidado especial com nossos idosos e as políticas públicas desenhadas para a população de rua. Em São Paulo, todas as vidas importam”, encerra Bruno Covas, usando uma expressão rechaçada pelo movimento negro.
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Márcio França (PSB) também ignora o racismo em São Paulo e não apresenta propostas para combatê-lo. A única palavra citada pelo candidato é negro, apenas uma vez, em um texto também genérico, em que pede mais diálogo no município.
“Para o bem de São Paulo é preciso manter um diálogo permanente com os trabalhadores, as classes médias, os empresários, os trabalhadores rurais, os religiosos, os jovens, os idosos, os servidores, os negros, as pessoas com deficiências e demais setores da sociedade paulistana”, propõe o programa de França.
Edição: Rogério Jordão