Então, amigos, se valer a tese do Luizão, além de pedir chuva, pensem na burocracia no céu.
Na secura que tomou conta de boa parte do Brasil, em setembro, com incêndios devastando a Amazônia e o Pantanal, eu fiquei me lembrando de certos períodos em que tivemos excesso de chuvas.
Mesmo com o abandono do governo Bolsonaro, especialista em negar as coisas que acontecem e não fazer nada que preste, se tivesse umas chuvas das boas apagariam os incêndios, melhorariam o clima, e muita desgraça seria evitada. Mas isso não aconteceu.
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Por que tanta secura e por que tanta chuva em outros tempos?
Numa dessas vezes de muita chuva, à noite, estava num boteco da Vila Madalena e a enxurrada tomou conta da rua, que ficou parecendo um rio. E rio bravo, com a água arrastando tudo.
De dentro do bar, que tinha uns degraus para a calçada, mas mesmo assim parecia que ele seria invadido pela enxurrada, ficávamos observando sacos de lixo sendo levados rua abaixo pelas águas. Até uma mesa e duas cadeiras que estavam na calçada foram levadas
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O dono do bar, Luizão, era casado com uma pernambucana, e todos os funcionários, do cozinheiro aos garçons, eram nordestinos. O Luizão me disse, então que conversando com sua mulher e seus empregados, descobriu porque estava chovendo tanto em São Paulo. A culpa, segundo ele, era da burocracia que existe no céu.
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— Até no céu tem isso de burocracia pra atrapalhar as coisas — ele dizia.
E expôs sua tese sobre as chuvas.
Nas grandes secas do Nordeste, muitos romeiros vão a Juazeiro do Norte, no Ceará, e pedem ao Padre Cícero que faça chover nas suas terras.
Mas o pedido não chega direto ao Padre Cícero. Vai parar nas mãos de um burocrata do céu, e só depois de meses é que acaba chegando ao Padre Cícero.
Nesse tempo, muitos desses romeiros já desistiram de esperar as chuvas e migraram para São Paulo.
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Quando o pedido chega ao padre milagroso, ele pergunta onde é que moram as pessoas que pediram a chuva.
E respondem que muitos moram em São Paulo.
Aí o Padre Cícero manda chover onde eles estão. E como eles estão aqui, as chuvas pedidas pelos romeiros se somam às que já cairiam em São Paulo... Daí aquele volume desproporcional.
Então, amigos, se valer a tese do Luizão, além de pedir chuva, pensem na burocracia no céu. Incluam o fim da burocracia no pedido.
Edição: Douglas Matos