Uma oficina virtual com acesso aberto ao público pretende explicar, nesta quinta-feira (15), de que forma o eleitor pode escolher candidatos que ajudem a promover sistemas alimentares saudáveis e sustentáveis. A iniciativa integra a programação da Semana Nacional da Alimentação, que começou na última segunda (12) e é promovida por um conjunto de movimentos populares do campo, da cidade, das águas e das florestas.
De acordo com a militante Carla Bueno, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), a ideia é contar com a voz de especialistas que lidam com o tema da garantia de direitos nas áreas de alimentação e agricultura para contribuir com a formação de eleitores mais conscientes.
“Na hora em que exercitamos o voto, muitas vezes a gente não se lembra disso, e aí vai pensar mais em outras coisas pra escolher em quem votar. Mas hoje em dia, com a crise que estamos vivendo, a questão da comida se torna um critério fundamental nas urnas”, ressalta Carla Bueno.
Ela enfatiza que “comer é um ato político” e destaca o poder estratégico do voto, especialmente no atual contexto do país, em que há baixa nos estoques públicos de comida, encarecimento de produtos alimentares, entre outros problemas do cenário político que afetam o cidadão.
“É muito importante ter uma compreensão do todo, entender quais são os programas, os projetos, o que está em jogo hoje, projetos de lei tanto nacionais quanto nos municípios e estados, assim como fortalecer uma rede de consumo consciente, que estimule a produção da agricultura familiar"
Em conversa com o Brasil de Fato, Mariana Santarelli, da Conferência Popular pela Soberania e Segurança Alimentar, antecipou um aperitivo do que será apresentado aos participantes da oficina como orientação para a escolha dos candidatos a cargos de vereador e prefeito.
Ela menciona a importância de se observar, no debate eleitoral, o peso dado a políticas como as compras institucionais de produtos da agricultura familiar por parte de governos e os incentivos à obtenção de comida produzida de forma sustentável para os programas de alimentação escolar.
Esse tipo de medida constava em políticas públicas como o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), que vêm sendo desmontados desde 2016, a partir do governo Temer. Tais iniciativas sofreram maior aprofundamento na gestão Bolsonaro, que aplica uma agenda econômica pautada na redução da responsabilidade estatal sobre o tema.
“Como a gente está vivendo este momento em que não tem muito como contar com o governo federal, os eleitores têm que estar atentos pra candidatos que estejam trazendo um pouco dessas propostas – que, em algum momento, foram muito fortes ao nível nacional – pra si [em termos de] responsabilidade pra que elas continuem acontecendo”, recomenda Santarelli.
A oficina com os especialistas será transmitida no canal da campanha “Gente é pra Brilhar” no Youtube. A formação vai contar com a participação de especialistas que lidam com o tema da garantia de direitos nas áreas de alimentação e agricultura.
Participam da formação Elisabetta Recine (Fórum Brasileiro de Soberania e Segurança Alimentar), Mariana Santarelli (Conferência Popular pela Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional), Ana Paula Bortoletto (Aliança Pela Alimentação Adequada Saudável), Regina Nogueira (Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais e Matriz Africana), Susana Prizendt (Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida), André Luzzi (Fórum Paulista de Segurança Alimentar) e André Biazotti (Instituto Pólis).
Edição: Leandro Melito