O piso de um professor é de R$2.886,00 e o governo acha muito
Logo após a data comemorativa ao dia do professor, o presidente Bolsonaro fez lives e falas dizendo que nunca o professor teve um aumento salarial tão grande, como tiveram neste último ano.
Após isso, Bolsonaro apresenta ao Brasil a proposta que, segundo ele deverá ser encaminhada brevemente ao Congresso Nacional, em forma de projeto de lei ou até mesmo através de uma medida provisória. O governo Bolsonaro está propondo acabar com o aumento real do valor do salário do magistério brasileiro.
Repetindo: Bolsonaro quer acabar com o aumento real dos trabalhadores da educação.
Bom, isso não é de espantar porque ele já acabou com a política de aumento real do valor do salário mínimo. A política de valorização que era uma lei que teve o seu prazo esgotado e ele não permitiu que a lei fosse renovada.
Leia também: Universidades privadas querem usar aulas gravadas por professores mesmo após demissão
Pois isso, o que ele fez com a maioria dos trabalhadores e trabalhadoras que recebem o salário mínimo, ele quer fazer agora com os professores.
Atualmente a lei do piso salarial vigora no Brasil desde 2008 e vincula o reajuste anual à variação do valor por aluno do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Por isso os professores tem tido, nos últimos anos, um reajuste um pouco superior à inflação.
O último reajuste, feito em 2019, se fosse concedido somente com o índice da inflação, teria sido de 4,6%, enquanto que, baseado no valor por aluno/ano do Fundeb, nessa avaliação, o reajuste ficou na casa de 12,84%. O que elevou o piso salarial do magistério no Brasil inteiro para R$ 2.886,00.
Leia também: No RS, às vésperas da reabertura, escolas estaduais continuam sem EPIs e funcionários
Essa política foi uma das maiores conquistas que nós já tivemos porque não há de se falar em melhoria na educação brasileira se não falarmos em valorização dos profissionais da educação, em valorização do magistério. E o objetivo da lei é exatamente recuperar as perdas tidas pelo magistério nesses últimos tempos. Perdas significativas.
Então veja, o piso de um professor é de R$2.886,00 e o governo acha muito.Tanto acha muito que quer acabar com a atual formula de reajustar o salário dos professores. Eu tenho certeza e convicção que haverá neste país uma grande mobilização do magistério que não permitirá que isso aconteça.
Agora, nunca é demais lembrar o que recentemente falou Paulo Guedes.
Leia também: Educação em pauta: campanha produz guia para orientar candidatos e eleitores
Paulo Guedes, falando sobre a reforma administrativa, disse que no Brasil, o que precisa, é aumentar o valor do teto salarial, porque na ótica e na visão dele, baseado na meritocracia, um teto salarial de R$39 mil no serviço público brasileiro é muito baixo, teria que ser muito maior.
Veja, olha a contradição, o ministro da Economia, que acha um teto de quase R$40 mil baixo e um salário de professor de R$2.886 alto não é um ministro que está preocupado com o nosso país, com o nosso desenvolvimento, com o nosso presente e, principalmente com o nosso futuro.
Eu espero que essas propostas, que deverão ser encaminhadas ou através de projeto de lei ou de medida provisória, promovam um grande senso de responsabilidade do magistério no sentido de que façam mobilização contrária a esta proposta. Porque quem perderá com isso não são apenas os professores, será a educação como um todo, o nosso presente e o nosso futuro.
Edição: Leandro Melito