A crise criada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em torno da possível vacina contra o novo coronavírus ganhou novas páginas nesta quinta-feira (22).
No dia em que o número de mortes pela covid-19 chegou a 155.900 e o número de casos foi a 5.332.634 no Brasil, conforme dados do Conselho Nacional de Secretários da Saúde (Conass), a insegurança sobre a chegada de uma vacina ao país cresceu.
::Bolsonaro polemiza e atrasa debate sobre a imunização contra o coronavírus no Brasil::
Um dos motivos da incerteza foi a declaração do diretor-geral do Instituto Butantan, Dimas Covas, de que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está atrasando a autorização para a importação da matéria-prima que possibilitará a fabricação da vacina chinesa Coronavac no Brasil.
Segundo Dimas, ele enviou um pedido formal de liberação excepcional da importação do produto no dia 23 de setembro, mas recebeu a informação, nesta quinta, de que a análise só será feita em uma reunião em 11 de novembro.
"Estou inconformado e ansioso", afirmou ele à Folha de S. Paulo. "Uma liberação que ocorre em dois meses deixa de ser excepcional", completou.
O diretor disse que o Butantan já está pronto para fabricar 40 milhões de doses a partir da matéria-prima que chegaria da China. No entanto, como são necessários 45 dias para a produção, as primeiras doses do imunizante só ficariam prontas em janeiro, caso o atraso de confirme.
Um dia antes, Bolsonaro disse à Rádio Jovem Pan que o governo não comprará a vacina chinesa, mesmo se a Anvisa autorizar. Ele alegou existir “um descrédito muito grande” em relação ao imunizante. “A da China nós não compraremos, é decisão minha. Eu não acredito que ela transmita segurança suficiente para a população”, declarou.
::OMS prevê que maioria da população não será vacinada no próximo ano::
Também nesta quinta, o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, reagiu à ameaça de demissão por conta de embates políticos em torno da vacina com uma demonstração pública de submissão a Bolsonaro. Em encontro fora da agenda no Hotel de Trânsito de Oficiais do Exército, em Brasília, ele pôs panos quentes na crise com o presidente e negou que haja atrito entre os dois.
"Senhores, é simples assim. Um manda e o outro obedece, mas a gente tem um carinho", disse Pazuello. "Opa, está pintando um clima aqui", disse Bolsonaro, tentando ser engraçado.
Edição: Rodrigo Chagas