Com mais de 90% das urnas apuradas, o Chile comemora um fato histórico na noite desse domingo (25): o fim da Constituição vigente, uma herança da ditadura de Augusto Pinochet e a aprovação de uma nova Constituição.
De acordo com o Serviço Eleitoral do Chile, 78,2% da população votou pela aprovação de uma nova Carta Magna, com rejeição de apenas 21,7% dos eleitores.
A apuração aponta ainda que 79% dos votantes aprovaram a criação de uma Convenção Constitucional, composta totalmente por membros eleitos para redação da nova Carta Magna, contra 20% que defendiam uma Comissão Mista Constitucional, formada por 50% de parlamentares atuais e 50% por representantes eleitos.
A jornada, que durou 12 horas devido às medidas sanitárias para evitar o contágio de covid-19, contou com uma alta participação da população, conforme o esperado.
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Esse domingo esteve marcado pelo espírito insurgente das revoltas que aconteceram no país em outubro de 2019, nas quais o plebiscito aparecia como uma das principais reivindicações dos manifestantes.
Os apoiadores de uma nova Constituição se concentraram nas ruas da capital do país, Santiago, para celebrar a vitória popular.
O clima de celebração popular contrasta com a repressão empreendida pelos Carabineros, como é chamada a Polícia Militar chilena. A violência militar marcou os protestos desde o ano passado, cujo um dos casos mais emblemáticos foi o de um garoto empurrado da ponte por um policial em outubro deste ano.
A partir de agora, todos e todas seremos parte da construção de um país mais digno
Em entrevista concedida ao portal argentino Marcha Notícias, a cantora chilena Camila Moreno comenta o significado do plebiscito após os protestos de 2019 e a dimensão histórica da data.
"O plebiscito me deixou muito emocionada, sei que vamos ganhar, confio nas pessoas. Este é um primeiro passo para ter um país mais justo e é o início de uma grande trabalho porque, a partir de agora, todos e todas seremos parte da construção de um país mais digno, disse a cantora.
O que vem depois do plebiscito?
Na votação realizada neste domingo (25), os participantes do plebiscito também decidiram como a nova Carta Magna deve ser redigida.
Após a vitória da aprovação da nova Constituição, o próximo passo será a eleição dos representantes da Comissão Constitucional, programada para abril de 2021.
Nesta data, serão eleitos os 155 representantes que participarão da redação da nova Carta Magna.
Posteriormente, o texto será submetido a um “plebiscito de saída”, isto é, deverá ser ratificado pela população em uma votação obrigatória prevista para o segundo semestre de 2022.
*Última atualização às 22h55.
Edição: Luiza Mançano