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Plebiscito sobre nova Constituição no Chile termina com clima de esperança

Resultados iniciais serão divulgados a partir das 22h; apoiadores do "aprovo" se reúnem nas ruas à espera do resultado

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Plebiscito realizado neste domingo (25) no Chile é fruto da massiva mobilização popular realizada em outubro de 2019
Plebiscito realizado neste domingo (25) no Chile é fruto da massiva mobilização popular realizada em outubro de 2019 - Foto: Martin Bernetti/AFP

O plebiscito sobre uma nova Constituição no Chile se encerrou às 20h deste domingo (25). A jornada, que durou 12 horas devido às medidas sanitárias para evitar o contágio de covid-19, contou com uma alta participação da população, conforme se esperava.

Os resultados parciais divulgados pelo Serviço Eleitoral do Chile, com 54% das urnas apuradas, aponta uma ampla vantagem do "aprovo", com 77,9%, enquanto a rejeição de uma nova Constituição tem 22,1% dos votos totais.

A apuração aponta ainda que 78,9% dos votantes aprovam a criação de uma Convenção Constitucional, composta totalmente por membros eleitos para redação da nova Carta Magna, contra 21 % que defendem uma Comissão Mista Constitucional.

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Este domingo esteve marcado pelo espírito insurgente das revoltas que aconteceram no país em outubro de 2019, nas quais o plebiscito aparecia como uma das principais reivindicações dos manifestantes. 

Por se tratar de uma vitória popular, os apoiadores de uma nova Constituição, que substitua a atual, herdada da ditadura Pinochet, se concentram nas ruas para esperar o resultado da votação e expressam esperança e alegria.

Acompanhe, ao vivo, a manifestação na Praça Dignidade, no centro de Santiago.

O clima de celebração popular contrasta com a repressão empreendida pelos Carabineros, como é chamada a Polícia Militar chilena. A violência militar já havia marcado os protestos desde o ano passado, cujo um dos casos mais emblemáticos foi o de um garoto empurrado da ponte por um policial em outubro deste ano, também deu as caras ao final deste dia histórico.

Faltando duas horas para o fim da jornada, os Carabineros reprimiram os manifestantes concentrados na Praça Itália, rebatizada pelos protagonistas da revolta social como Praça Dignidade, no centro de Santiago (capital do Chile). Os vídeos divulgados pela teleSUR mostram os Carabineros disparando jatos de água nos manifestantes.

Apesar da repressão localizada, as manifestações não foram dispersadas e continuam crescendo. Em entrevista concedida ao portal argentino Marcha Notícias, a cantora chilena Camila Moreno comenta o significado do plebiscito após os protestos de 2019 e a dimensão histórica da data.

"O plebiscito me deixou muito emocionada, sei que vamos ganhar, confio nas pessoas. Este é um primeiro passo para ter um país mais justo e é o início de uma grande trabalho porque, a partir de agora, todos e todas seremos parte da construção de um país mais digno, disse a cantora.

Acompanhe, no Brasil de Fato, os resultados parciais desta jornada.

 

O que vem depois do plebiscito?

Na votação realizada neste domingo (25), os participantes do plebiscito também decidiram como a nova Carta Magna deve ser redigida, caso a opção "aprovo" ganhe a votação. 

No caso de uma vitória da aprovação da nova Constituição, como indicam as pesquisas, o próximo passo será a eleição dos representantes da Comissão Constitucional, programada para abril de 2021.

No caso de uma convenção mista, na eleição de abril, serão eleitos 86 integrantes pelo voto popular e o restante da comissão estaria conformada por parlamentares designados pelo Congresso. Atualmente, a coalizão governista, de centro-direita, tem maioria no Congresso do país.

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Já um resultado favorável a um Comissão Constitucional totalmente nova, a eleição do próximo ano deve definir os 155 representantes desta.

Caso a opção “Rechaço” seja a vencedora do plebiscito de hoje, a atual Constituição do país seguirá vigente e ficará a cargo do Congresso criar uma comissão de reformas constitucionais.

Edição: Luiza Mançano