O Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (DIAP) lançou um estudo chamado "Panorama das eleições municipais - Mapa das candidaturas 2020". Com o objetivo de dar maior transparência das candidaturas para a sociedade em geral, o DIAP analisou as candidaturas registradas pelos partidos políticos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e preparou esse estudo no qual constata tendências e aponta dados interessantes.
O material apresenta ainda análise das candidaturas por partido, por capitais, cargos, gênero, idade, cor/raça e escolaridade. Um dos principais objetivos do trabalho é analisar a atuação de políticos com mandatos (deputados federais e senadores) nas disputas nos municípios. Esse levantamento do DIAP é chamado de “Prefeitáveis”, que vem organizando o histórico de atuação desses parlamentares nas eleições municipais.
Números das eleições 2020
O estudo demonstrou diversas outras informações relevantes. Primeiro, são pouco mais de 545 mil candidatos registrados, sendo cerca de 19 mil a prefeito e 506 mil a vereador. Destes, 22 mil são candidatos à reeleição: cerca de 1500 para prefeito e 20 mil para vereador.
A maioria segue sendo de homens, com mais de dois terços das candidaturas (66,90% de homens e 33,10% de mulheres). Em relação as eleições de 2016, houve uma pequena redução dessa diferença (era 68,1% a 31,9%). O partido com a maior proporção de candidatas mulheres com relação aos homens é a Unidade Popular (UP), com cerca de 43% de candidaturas femininas, seguidos pelo PSTU e PSOL (43% e 39%, respectivamente). Informação curiosa nesse tema é que o Partido da Mulher Brasileira (PMB) está somente em 4° lugar nesta lista, com 35% de candidaturas femininas apenas. Em 5° lugar está o PT, com 34%. Os partidos com menor proporção de mulheres são o PCO e o PCB (22% e 31%), seguidos por PRTB e PSL, partidos do vice e pelo qual se elegeu o presidente, ambos com mais de 67% de suas candidaturas sendo masculinas.
Quanto à idade, a maioria é de candidatos mais velhos: cerca de um terço têm entre 40 e 49 anos, outro terço tendo entre 30 e 39. Até aqui, os dados nacionais apresentam relativa paridade com o demonstrado pelos registros de candidatura do Rio Grande do Sul. Ficou bastante diferente, porém, a divisão dos percentuais de cor/raça. Enquanto no RS, em torno de 12% dos candidatos se autodeclaram negros, pretos ou pardos, no Brasil este dado será mais equilibrado e condizente com a distribuição racial da população: cerca de 47% se autodeclaram brancos e 49% pardos ou negros. Menos de 1% dos candidatos se autodeclararam indígenas, pouco mais de 2 mil no país todo.
Entre a distribuição dos partidos, a grande maioria das candidaturas será de legendas de direita:
Ainda segundo o levantamento, o PSOL será o partido com mais candidaturas próprias em capitais, 23 no total, seguido pelo PT, com candidatos em 21 capitais. Contando o número de candidatos a prefeito, vice e vereador, os partidos que têm mais registros são o PSL (1187), Republicanos (1127) e PDT (1050). Em Porto Alegre, partidos com mais candidaturas são o MDB (56), PP, PDT e Republicanos (55).
Parlamentares que tentarão vaga em executivos municipais
O levantamento feito pelo DIAP aponta que, nestas eleições, serão 63 congressistas, com mandato, que tentarão eleger-se nas eleições municipais. Esses são 61 deputados federais e 2 senadores e confirmaram a candidatura para concorrer, 59 deles para o cargo de prefeito e 8 para vice.
O Departamento ainda lembra que este número pode aumentar se considerarmos os 4 deputados federais atualmente licenciados do exercício do mandato parlamentar que também registraram candidatura. Além disso, não foram considerados no levantamento os suplentes que, em algum período, exerceram o mandato de deputado federal.
O estudo afirma que entre estes parlamentares com mandato que tentarão eleger-se nos municípios, a maioria deles são do PT e do PSL, 9 e 7, respectivamente. Além disso, os estados do Rio de Janeiro, Ceará e Bahia são os que mais têm nomes nessa lista (7, 5 e 5). O DIAP afirma ainda que as capitas são as principais opções dos parlamentares em exercício de mandato no Congresso Nacional.
No Rio Grande do Sul, apenas na capital haverá um parlamentar com mandato que disputará as eleições municipais: a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL), que concorre ao cargo de prefeita.
Mais de um terço das cidades terá duelo pela prefeitura
O DIAP teve acesso a um cruzamento de dados realizado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) e apresentou, no seu relatório, a informação de que, em 117 municípios, haverá somente um candidato. Nessas cidades, se o Tribunal Superior Eleitoral homologar a candidatura, o candidato será o prefeito sem necessidade de eleições.
O Rio Grande do Sul será o estado com maior quantidade destes casos: dos 497 municípios gaúchos, 34 tiveram o registro de apenas um candidato a prefeito. No país, o MDB lidera com 21 candidaturas únicas, seguido de PP, com 14 e PSDB com 12.
Outro fato destacado pelo estudo é de que em mais de um terço das cidades haverá uma disputa entre apenas dois candidatos ao cargo da prefeitura. Cerca de 37% dos municípios terão um duelo, envolvendo mais de 16 milhões de eleitores, em pouco mais de 2 mil cidades.
O estado com o maior número destes embates será o Piauí, em 137 municípios, mais da metade da quantidade de cidades deste estado. No Rio Grande do Sul, também haverá duelo na maioria das cidades (275 municípios, 55% do total).
Quanto aos partidos que participarão destas disputas, a dupla MDB x PP estarão disputando em 133 cidades. Na sequência, aparecem os duelos entre PP x PSD (80) e MDB x PSDB (77). Segundo o DIAP: "esses embates refletem bem os partidos políticos com maior número de prefeitos (as) no Brasil nos últimos anos. São partidos que possuem bases municipais bem sólidas e, embora alguns tenham mudado de nome recentemente, mantém uma forte organização municipal".
Fonte: BdF Rio Grande do Sul
Edição: Katia Marko