Nesta quinta-feira (29) o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cumpre agenda pela manhã na capital maranhense, São Luís, e durante a tarde em Imperatriz, segunda maior cidade do estado.
O senador Roberto Rocha (PSDB), porta-voz maranhense do presidente no Congresso e líder da maioria no Senado foi o responsável pelo convite e a articulação da agenda.
Em live na noite de quarta-feira (28), o senador deu detalhes da agenda de Bolsonaro e adiantou o anúncio de um conjunto de obras na região. Ele citou a construção de um aeroporto em parceria com a iniciativa privada em Balsas, cidade de Rocha.
Na oportunidade, reforçou novamente que uma viagem a Balsas foi cancelada porque o governador Flávio Dino teria negado segurança ao presidente.
As afirmações vêm sendo feitas pelo presidente Bolsonaro e senador Roberto Rocha há cerca de uma semana, mas o governador Flávio Dino nega que tenha recebido qualquer pedido de cessão do efetivo de segurança da Polícia Militar. Inclusive, o caso foi levado ao Supremo Tribunal Federal (STF), pedindo que o presidente comprove sua versão.
Já o governador Flávio Dino, considerado como inimigo por Bolsonaro, tem na sua agenda a inauguração de um novo campos universitário em São Bento (MA) e duas escolas. Dino também participará às 14h do Encontro Internacional Governadores pelo Clima onde está prevista a formação de um “Conselho de Governadores pelo Clima", para atuar em uma das áreas mais negligenciadas pelo governo Bolsonaro, o Meio Ambiente, cujo ministro Ricardo Salles foi o epicentro da última crise interna do governo.
Os governadores devem firmar uma carta-compromisso para combater e se adaptar à mudança do clima por meio do cumprimento das metas do Acordo de Paris e fortalecimento de eixos econômicos sustentáveis.
Além de Dino, participam do encontro Walder Góes (AP), Renato Casagrande (ES), Helder Barbalho (Pará), Paulo Câmara (Pernambuco), Wellington Dias (PI),João Doria (SP) e o vice-governador Wanderlei Barbosa Castro (TO).
São Luis
Na capital, o presidente faz visita técnica às 11h, nas obras de restauração da BR-135, importante via de acesso a São Luís e de escoamento de produção de grãos como milho e soja.
As obras não tiveram início no seu governo, mas foram retomadas a partir de autorização do Tribunal de Contas da União (TCU), em julho de 2020, em resposta a uma Ação Civil Pública provocada pelo Ministério Público Federal em 2019, durante o governo Temer.
A Ação Civil é resultado de investigação que apontou descumprimentos como a falta de consulta prévia às cerca de 62 comunidades quilombolas que podem ser afetadas pelas obras e a necessidade de complementação de estudos de impactos socioambientais.
Ainda em 2019, durante o governo Temer, o governador Flávio Dino ofereceu assumir as obras de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes (Dnit) e cumprir os requisitos propostos, mas teve o pedido negado.
Novamente, em fevereiro de 2020, sob o governo Bolsonaro, encaminhou ofício em que solicita audiência a fim de oferecer apoio para recuperação de estradas federais, entre elas a BR-135.
De acordo com a ONG Terra de Direitos, a autorização concedida pelo TCU em julho de 2020 é questionada pelos movimentos quilombolas, que alegam ter base em aval concedido pela Fundação Cultural Palmares, da qual não se consideram mais representados diante das mudanças administrativas.
João da Cruz, articulador do Movimento Quilombola do Maranhão (Moquibom), confirma que não foi feita nenhuma consulta às comunidades para a retomada das obras e explica que a preocupação é redobrada diante do governo Bolsonaro, que já fez diversas declarações de ódio aos povos indígenas e quilombolas.
“Se com esses outros governos que se diziam populares, onde eles tinham pelo menos um diálogo com essas comunidades, já era difícil, imagine agora com esse governo truculento desde que existe, desde antes de existir. Como ele mesmo disse, que não ia deixar um palmo de terra para indígenas ou quilombolas”, questiona João da Cruz.
Imperatriz
Divulgada apenas por meio de redes sociais do senador Roberto Rocha (PSDB), a previsão de agenda em Imperatriz é uma aparição pública no Aeroporto Nacional Prefeito Renato Moreira por volta de 13h50 e visita ao recém-inaugurado Panelódromo, às 14h.
Panelódromo é um complexo gastronômico de comida popular, especialmente a tradicional panelada, que dá nome ao lugar. Orçado em torno de R$ 1,5 milhão, o complexo reúne 42 boxes de vendas de comida, no centro da cidade.
A obra foi viabilizada por meio de indicação do senador tucano e parceria firmada entre a Prefeitura Municipal de Imperatriz, o Ministério do Desenvolvimento Social e emendas do parlamentar.
Campanha antecipada
Em meio às eleições municipais, a viagem repercute como campanha antecipada visando 2022, com possibilidade de declaração de apoio a candidatos da direita e extrema direita nos municípios em que foi vitorioso no Nordeste e busca angariar votos diante da visibilidade proporcionada pelo auxílio emergencial na região em que foi derrotado nas urnas.
Nas duas cidades, a expectativa é que declare apoio a candidatos a prefeito da base aliada do senador Roberto Rocha (PSDB). Em Imperatriz, ao candidato, também tucano, Madeira (PSDB) e, em São Luís, ao candidato Eduardo Braide (Podemos).
Edição: Leandro Melito