Talvez a mais importante voz do cristianismo ecumênico progressista do país, Leonardo Boff aprova o encontro entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT), ministro da Integração Nacional (2003-2006) do próprio Lula em seu primeiro mandato. “Devemos superar as diferenças face a um bem maior. E eu saúdo o diálogo do Lula com o Ciro, para poder criar uma frente grande para destituir esse destruidor do nosso país”, diz Boff, em referência ao presidente Jair Bolsonaro. “Eu aprovo”, acrescenta.
Para Boff, a união de setores e lideranças políticas não deve depender de protagonismos pessoais, mas visar o bem do país e a superação da “destruição”. “Nós estamos numa emergência nacional, de destruição do nosso país, da sua cultura, da sua política, dos seus direitos, e todos devemos nos defender como se o inimigo externo nos estivesse acusando, nos estivesse atacando”, completou.
O encontro entre Ciro e Lula, no início de setembro, na sede do Instituto Lula, em São Paulo, foi revelado pelo jornalista Sérgio Roxo, de O Globo. Segundo ele, os dois líderes “selaram as pazes em uma conversa”, apesar de o assunto eleições 2022 “não ter sido abordado no encontro”. O governador do Ceará, Camilo Santana (PT), teria intermediado a reunião, já que é próximo aos irmãos Ciro e Cid Gomes no estado. Ainda segundo Roxo, “as tratativas para viabilizar a conversa duraram mais de um mês”.
Rodrigo Maia, “um medroso”
“Pode chegar um momento em que, para vencer mesmo, superar, a gente tenha que buscar alianças e chapas que, talvez, leve (a eleição) até no primeiro turno, com uma política de salvação nacional, já que esse mole, esse fraco do Rodrigo Maia, não leva o impeachment”, critica Boff.
Para ele, o presidente da Câmara dos Deputados é “um medroso, um homem que faz política pessoal, e vai entrar para a história como um cúmplice da destruição do país”. “Então, temos que, pela eleição democrática, derrotar esse homem (Bolsonaro) e todo o seu grupo”, disse à RBA.
Repercussão
Nas redes sociais, o encontro entre Lula e seu ex-ministro da Integração Nacional também foi bem recebido por setores progressistas. “Boulos, com 16% e ultrapassando Russomano na pesquisa espontânea. Lula e Ciro voltam a dialogar. Decisão de Salles sobre restingas é derrubada no STF. Decreto para privatizar SUS é revogado após pressão popular. Tem dias que são realmente melhores que outros”, escreveu, por exemplo, o economista Eduardo Moreira, no Twitter.
“Muito positiva para o Brasil a notícia que Lula e Ciro se encontraram e se reconciliaram”, disse o deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP).
“Lula e Ciro se reconciliando! Que notícia boa para os democratas que defendem uma Frente Ampla! Gesto de recomposição louvável dessas duas grandes lideranças, um diálogo esperado num momento de defesa dos direitos do povo e luta contra o NEOFASCISMO. Em frente!!”, comemorou a deputada federal Jandira Feghali (PCdoB-RJ).
“Notícias alvissareiras nos informam que Ciro e Lula estendem entre eles uma ponte. Só espero que esta ponte não seja a famosa ‘ponte para o futuro'”, destacou o ex-senador Roberto Requião.
Gleisi
Por sua vez, a presidenta do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), afirmou que a reaproximação do partido com o PDT está condicionada a um pedido de desculpas de Ciro Gomes ao partido e ao ex-presidente Lula. “Lula é um homem generoso, de coração grande. Mas eu, particularmente, penso que qualquer aproximação com Ciro Gomes passa por um pedido público de desculpas dele ao Lula e ao PT, pelo que ele disse, principalmente ao Lula”, afirmou.
Também a O Globo, Gleisi disse que não poderia confirmar “conversa dos outros”, mas também não negou que a reunião entre Ciro e Lula tenha ocorrido.