Nas eleições municipais deste ano, muitos candidatos apostam na conquista de votos da juventude. Essa estratégia se justifica nos números: dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que, em 2020, os votantes com faixa etária entre 16 e 29 anos ultrapassarão 35 milhões de pessoas.
Maria Deysiane tem 18 anos e é militante do Levante Popular da Juventude em Juazeiro do Norte, no Ceará. Ela acredita que a política é um instrumento de transformação que pode reorganizar a sociedade através também da participação ativa. Para ela, o sistema político da sua cidade está fortificado e estruturado pelo coronelismo, que precisa ser superado. “Eu, que já estou inclusa nesse processo, sigo apoiando candidaturas que visam (assim como eu) a quebra dessa velha política que nos afasta da possibilidade de reconhecer e exigir nossos direitos.” explica Deysi.
Juventude e Política
Cláudia Mayorga, doutora em psicologia social e pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), afirma em um dos seus escritos que a juventude pode adquirir características de representação política, sendo portadora da ideia de renovação e mudança social. Todo esse potencial pode estar presente nas formas como os jovens desenvolvem sua consciência política, seja pela observação da atual situação política, seja pela participação social ativa.
::Como a crise socioeconômica em meio à pandemia afeta a juventude periférica?::
Senso Crítico
A visão da integrante da Pastoral da Juventude em Caucaia, Maria Janeide de Araújo Neve, de 21 anos, vai ainda mais longe e engloba a atuação política do Jair Bolsonaro (sem partido). “As medidas tomadas em relação à pandemia, o descaso com os direitos do povo, o desmanche de políticas públicas, a corrupção e os 'escândalos' relacionados ao seu governo são alguns exemplos de que é necessário uma mudança, que preze acima de tudo o bem estar social de todas as pessoas sem distinção.” afirma Janeide.
Ela acredita que nessas eleições, existem candidatos que podem fazer a diferença com propostas que sejam de fato importantes para a melhoria de vida do povo.
Candidaturas Populares
A auxiliar administrativa Lucicarla Ferreira Silva, de 26 anos, crê que é na política que existe a oportunidade que as pessoas têm para garantir a saúde, educação, emprego e outros direitos.
Representante da comunidade LGBTQI+, ela vê que em Juazeiro do Norte essas representações estão sendo garantidas, mesmo que ainda precise melhorar. “Aqui na cidade eu vejo uma boa atuação política, com boa participação e representação de todos os setores e grupos (umbanda, lgbtqi+ entre outros). Sabemos que poderia ser melhor, mas diferente de outros tempos o de agora está mais acessível” pontua.
Nessas eleições cresceram os registros de candidaturas que tem em seus projetos melhorias para as categorias historicamente subrepresentadas. Dados do TSE apontam que este ano houve um aumento de 2,8% em relação a 2016 na inscrição de candidaturas negras, sendo maioria em relação aos brancos, 50% versus 48%. Muitas dessas candidaturas são de jovens que creem que a equidade na política é também um dos caminhos para se chegar a uma verdadeira transformação social.
Fonte: BdF Ceará
Edição: Monyse Ravena