O ex-presidente da Bolívia Evo Morales discursou nessa quarta-feira (11) diante de milhares de bolivianos que se reuniram na cidade de Chimoré para celebrar o fim da caravana de três dias que marcou o retorno do antigo líder cocaleiro ao país após um ano de exílio.
"Nesse mesmo local dissemos que voltaríamos sendo milhões. Agora somos milhões, irmãos e irmãs. Agora temos que devolver a dignidade e a soberania ao povo boliviano", disse.
Evo, que cruzou a fronteira da Argentina com a Bolívia na última segunda-feira (09), saiu acompanhado de cerca de 800 veículos de Villazón e se dirigiu até Chimoré, um local que carrega um simbolismo por ter sido de onde partiu para o exílio após o golpe de Estado de 10 de novembro de 2019 que forçou sua renúncia da presidência.
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Em seu discurso, o ex-mandatário condenou as forças golpistas que derrubaram seu governo no ano passado e felicitou a vitória do atual presidente Luis Arce, que marca o terno do Movimento ao Socialismo (MAS) ao governo boliviano.
"Não nos enganamos ao eleger o irmão Lucho [Arce] como candidato à presidência. Temos que cuidar dele. É nossa tarefa, mas também devemos defender o processo de mudança. Devemos ter uma boa leitura política para defender o processo de mudança", afirmou.
Acompanhado de seu ex-vice Álavaro García Linera, que também voltou do exílio nesta segunda, Evo destacou a luta dos movimentos sociais por "outro modelo econômico, melhor que os modelos submetidos ao neoliberalismo e ao capitalismo".
"Eles não aceitam que o modelo econômico criado pelos movimentos sociais gere crescimento econômico, redução da pobreza e redução das desigualdades. Alguns grupos, especialmente o império norte-americano, não suporta que os chamados índios possam mudar a Bolívia", disse.
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Morales também falou sobre a importância de proteger os recursos naturais do país e voltou a falar que o golpe contra seu governo ocorreu por conta das imensas reservas de lítio bolivianas.
"As transnacionais não nos perdoam por termos recuperado nossos recursos naturais. Por isso eu digo que foi um golpe contra nosso modelo econômico, um golpe ao lítio, especialmente", afirmou.
O ex-presidente retornou nessa segunda-feira à Bolívia após passar um ano exilado na Argentina por conta do golpe de Estado que levou à derrubada de seu governo. A volta aconteceu em cerimônia realizada na zona fronteiriça entre a cidade argentina de La Quiaca
e a boliviana de Villazón.
Na terça-feira, a caravana de Morales avançou em direção a Oruro, com várias paradas e encontros com populações originárias e apoiadores. Em algumas dessas áreas, a população recebeu o ex-presidente com festas, atos e cerimônias.