Em 2018, três atores políticos saíram fortalecidos das urnas: o presidente eleito Jair Bolsonaro (sem partido), além dos partidos PSL e Novo. Dois anos depois, as eleições municipais podem revelar a insatisfação popular com o modelo de política proposto por eles.
O Brasil de Fato analisou a última pesquisa de intenção de votos para as prefeituras das 26 capitais do país. Das seis candidaturas apoiadas por Bolsonaro, somente o capitão Wagner (Pros), candidato em Fortaleza (CE), deve alcançar o segundo turno. Wagner, no entanto, esconde o presidente em suas propagandas e redes sociais.
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Entre os que naufragaram, estão Celso Russomanno (Republicanos) e Marcelo Crivella (Republicanos), que disputam o pleito eleitoral em São Paulo (SP) e Rio de Janeiro (RJ), e que chegaram a liderar as pesquisas antes do apoio de Bolsonaro.
O PSL, partido alavancado pelo presidente e que ainda mantém em seus quadros importantes figuras da extrema-direita, lançou 14 candidatos para disputarem as prefeituras das capitais. Porém, somente Fernando Francischini, em Curitiba (PR), tem chances de ir ao segundo turno.
De acordo com o Instituto Opinião, que divulgou a pesquisa mais recente da disputa na capital paranaense, Francischini, que aparece em segundo com 6%, terá que operar um milagre para impedir a vitória em primeiro turno do atual prefeito, Rafael Greca (DEM).
Já o Novo, que em 2018 celebrou a eleição de oito deputados federais e de seu primeiro governador, Romeu Zema, em Minas Gerais, deve ficar de fora do segundo turno. A legenda lançou 11 candidatos à prefeitura nas capitais e não possui chances em nenhuma.
Voto em apolítico deu errado
Para Rudá Ricci, doutor em Ciências Políticas pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a população “está decepcionada”. “O eleitor nesse ano resolveu cravar um voto moderado. Isso significa que ele fugiu dos extremos, inclusive da ideia de candidato empresário ou antissistêmicos. O povo está votando em políticos de carreira. Olha o Novo, tem sempre candidatos abaixo de 2% nas capitais. Os candidatos bolsonaristas não aparecem ou aparecem em queda”, avalia.
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Porém, o cientista político pede “paciência” nas análises sobre os resultados da eleição em 2020. De acordo com Ricci, só há uma certeza: “os extremos e os que pregavam a negação da política perderam a confiança do eleitorado brasileiro”.
“Essa tentativa do eleitor de colocar voto no extremado ou no apolítico, deu errado. Esse eleitor que votou no Novo, no PSL e no Bolsonaro, está frustrado e abandonou radicalmente essa posição. O eleitor brasileiro está perdido e seu voto está aberto. Isso não quer dizer que ele é de esquerda ou de centro, mas ele está buscando”, encerra Ricci.
Edição: Rogério Jordão