O estado do Amapá chega ao 21º dia de apagão e como se não bastasse a crise energética, a privação de direitos essenciais e o aumento de casos da covid-19, na madrugada desta segunda-feira (23), choveu muito e várias ruas ficaram alagadas. Além disso, devido à oscilação na rede elétrica, moradores do bairro Brasil Novo, na Zona Norte da cidade, presenciaram diversos postes de luz entrando em curto-circuito.
Sobre o curto-circuito, a Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA) disse, por meio de nota, que "um problema na rede elétrica causado pelo atrito entre dois cabos de alta tensão provocou um curto circuito no trecho da Rua Laranjeiras, no bairro Brasil Novo, Zona Norte de Macapá, afetando as residências localizadas no perímetro. A situação foi causada pela ventania após uma tempestade que ocorreu na capital no domingo (22)".
A CEA disse ainda que "equipes operacionais foram acionadas e a situação foi normalizada às 2h25 desta segunda-feira (23)". Já o prazo para restabelecimento total da energia continua sendo o do final do mês.
No último sábado (21), dois geradores da Unidade Termelétrica Santana II entraram em funcionamento. A medida prometia ser uma solução temporária para que a população voltasse à normalidade, no entanto, dos 45 megawatts contratados, somente, 20 foram ligados até o momento. Assim, a população segue em sistema de rodízio.
A operação das usinas foi autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e o governo Bolsonaro chegou a anunciar, que 100% da energia seria restabelecida com o funcionamento dos geradores, mas depois recuou e manteve o prazo do dia 26 de novembro para normalização.
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Vaias e xingamentos
O presidente Jair Bolsonaro ainda não havia se pronunciado sobre a situação dos amapaenses desde o início da crise energética. No último sábado (21), ele foi até a capital do Amapá, Macapá, para o acionamento das usinas termelétricas.
Bolsonaro chegou à cidade sem máscara com membros da sua comitiva também sem máscaras, ainda que o estado tenha registrado aumento de 250% de casos da covid-19.
Na última sexta-feira (20), o presidente brasileiro foi denunciado na Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que integra a Organização dos Estados Americanos (OEA). A iniciativa foi da Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) e Terra de Direitos e foi divulgada nesta segunda-feira (23) na coluna do jornalista Jamil Chade, no Uol.
Segundo a coluna, os grupos solicitaram que a CIDH se pronuncie para garantir a defesa da vida e da integridade física das comunidades quilombolas do estado do Amapá, afetadas pelo apagão.
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O presidente desfilou pela cidade de maneira perigosa, com um apoiador lhe segurando. Ele foi vaiado e xingado pelos amapaenses nas ruas da capital.
Cronologia da crise energética no Amapá
O colapso começou no dia 3 de novembro, à noite, quando um apagão deixou 13 dos 16 municípios do estado completamente no escuro. Depois disso, as pessoas passaram quatro dias sem luz, água e outros serviço essenciais.
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No dia 7 de novembro, um sistema de rodízio entrou em funcionamento, ou seja, a luz ia e voltava segundo um cronograma elaborado pela Companhia de Eletricidade do Amapá, a CEA, mas vários amapaenses afirmam que o rodízio nunca funcionou como o previsto.
E no dia 17 de novembro, em meio ao rodízio, a população enfrentou outro apagão, ficando mais uma vez totalmente no escuro.
O prazo de normalização é o dia 26 de novembro.
Edição: Rogério Jordão