A candidata a vice-prefeita na chapa de Guilherme Boulos (PSOL), Luiza Erundina, está convencida de que é na cidade de São Paulo que começará a mudança que se espalhará por todo o país. Em entrevista exclusiva aos veículos de imprensa progressistas, promovida na noite desta quinta-feira (26) pelo Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Erundina disse que o momento é de esperança.
“Vivemos hoje nessa campanha um clima de esperança, que surge em um momento em que as pessoas estavam desalentadas, desencorajadas, doentes e deprimidas porque deixaram de sonhar, de ter esperança. Eu costumo dizer que a esperança é o vírus do bem. Contagiante, esse sentimento interno se projeta para as pessoas próximas e vai se espalhando até virar uma bola de energia”, comparou.
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Nas palavras da ex-prefeita de São Paulo, essa força promove a ação, e a ação traz a mudança.
"A ação política é a ação de gestos coletivos. Ninguém sozinho leva a coisa alguma. Por isso nós vamos mudar o país a partir de São Paulo. Temos de mudar. A América Latina está mudando. Bolívia já mudou, Chile está mudando. Por que nós não vamos mudar? Já mudamos outras vezes. Já vencemos uma ditadura de 21 anos, por que não vamos vencer esse fascista, desmiolado, psicopata, que está governando o país? A gente vai fazer milagre nessa cidade a partir de agora, para derrubar esse governo e retomar os destinos de um país democrático, fraterno e humano como sempre foi"
Povo soberano
A participação popular em um eventual governo Boulos e Erundina é um tema que permeou as considerações da candidata sobre pontos do plano de governo como saúde, educação, cultura e outros. Do mesmo modo, o fortalecimento do poder popular sobre a gestão. De acordo com ela, será um governo para mudar a cultura e a relação entre o governo e a população.
“É exercer o poder em nome do povo e não se submeter a práticas promíscuas, antirrepublicanas, comuns em outro tipo de governo que condenamos”, disse.
Esse fortalecimento popular na gestão, como destacou, faz com que o povo se reconheça no mandato e o defenda. É o que aconteceu no período de 1989 a 1992, quando ela ocupou o cargo de prefeita de São Paulo. Foi com apoio popular que ela conseguiu aprovar leis orçamentárias e os projetos sociais mesmo sem maioria na Câmara.
E também inviabilizar um pedido de impeachment recomendado pelo Tribunal de Contas. “O povo vinha, ocupava a Câmara por quatro dias seguidos, dia e noite, para que a Câmara não me cassasse. E isso sem trazê-los, sem fundir o povo com o governo, nem partido com governo. Governo é governo, partido é partido, povo é povo, movimento é movimento. Mas todo movimento percebe que esse governo está defendendo seu interesse e ele apoia o governo.”
Ideia revolucionária
A tarifa zero, que Erundina não conseguiu aprovar em sua gestão há trinta anos, está no programa de governo Boulos e Erundina. “Seria ótimo, mas a ideia era tão revolucionária que nem meu partido entendeu aquela proposta. Mas ela vingou mesmo sem a aprovação da Câmara. Vingou no Movimento Passe Livre, que nada mais é do que reivindicar a tarifa zero.
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A candidata considera injusto que a mobilidade urbana, um insumo para manter a cidade funcionando, seja paga somente pelos usuários do transporte coletivo. “Mobilidade é um direito de todos, e como tal tem de ser custeada, mantida, por todos: o dono do banco, do shopping, do supermercado, da oficina. Só o povo paga e isso vai mudar. Vamos implantar a tarifa zero progressiva. Começar com fins de semana livre, para o trabalhador poder passear com seus filhos, visitar parentes. O trabalhador não tem mais dinheiro para pagar tarifas pra mulher e dois filhos”.
Moradia popular
O programa de mutirão para construção de casas populares desenvolvido na gestão Erundina será adotado caso Boulos e Erundina sejam eleitos neste domingo (29). Haverá construção de casas inclusive para moradores de rua, a casa solidária. Há a necessidade de alternativa aos albergues, pouco procurados. A baixa demanda se deve ao excesso de regras. Único afeto que o morador de rua tem, seu cachorro é impedido de entrar.
“É regime militar, hora para acordar, hora de sair, hora de voltar. Filas e filas, esperando para ter uma cama para se deitar, para tomar um banho. Não pode ser assim. Vamos fazer casas menores, para menos pessoas, gerida por eles com supervisão de assistentes sociais, psicólogos, para que as pessoas não tenham de sair da rua para ir para um lugar pior. É inadmissível o quarto maior orçamento do país tratar as pessoas dessa maneira.”
A ampliação da coleta seletiva e a contratação de catadores de resíduos recicláveis também foi abordada. A chamada máfia do lixo, com contratos com 25, 30 anos de duração com empresas internacionais, deve acabar. “Esse governo aí, que fez convênios, contratos com empresas europeias para catar lixo no Brasil. Não é para reciclar não, é para pesar preço em dólar para vender o lixo sem nenhum retorno para a sociedade. Isso vai acabar”.