A grave crise econômica e social no mundo, profundamente agravada pela pandemia da covid-19, impõe desafios sem precedentes para o futuro da humanidade. Uma crise que atesta a falência do capitalismo. Um sistema econômico órfão de qualquer potencial civilizatório, tendo seu desenvolvimento econômico, ditado pelo mercado, alicerçado na barbárie social, guerras e destruição ambiental.
O esteio desse sistema falido, os Estados Unidos da América (EUA) foram humilhados pelo coronavírus, que lhes exige, diariamente, milhares de vidas. E, tanto lá quanto aqui, o país é governado por um atabalhoado que crê mais na força das redes sociais do que na ciência e na medicina. Dois presidentes – um em janeiro se torna ex – que, como dois mortos-vivos, vociferam suas políticas genocidas, racistas, de ódio e rancores, em uma verdadeira competição fúnebre com a covid-19. O capitalismo encontra nesses dois governos a mais nítida das suas fisionomias.
A pandemia explicitou a importância do Estado e de assegurar políticas públicas voltadas para a preservação de vidas, do bem estar das pessoas e da preservação ambiental. Os países em que os governos adotaram politicas e medidas sanitárias em defesa da vida, lograram diminuir, significativamente, o poderio mortífero do vírus e encontram-se em melhores condições apara retomar o crescimento econômico no período pós-pandemia.
É nesse contexto, nacional e internacional, que ocorrem as eleições municipais no Brasil. Em 2020, a movimentação das forças políticas segue refletindo o contexto golpista de quatro anos atrás. Bolsonaro debocha da democracia e das instituições por meio de posicionamentos e atos de governo. Na corajosa e certeira definição da jornalista Cristina Serra, é um presidente com uma "boca pestilenta".
A crise capitalista e a pandemia escancararam a diferença entre as políticas da esquerda e as políticas neoliberais. Enquanto o séquito dos ultraneoliberais preocupa-se apenas em privatizar empresas públicas, extinguir direitos trabalhistas e sociais, aumentar a riqueza dos ricos e promover a destruição ambiental, a esquerda não hesita em ressaltar a relevância de políticas sociais, defesa da saúde pública e gratuita, práticas ambientais sustentáveis, direito à terra e à moradia, entre outras áreas. Ou seja, um Estado que atua e investe para melhorar a vida de seu povo.
Nesse sentido, eleger prefeitas e prefeitos de esquerda neste segundo turno faz parte do objetivo de desgastar, isolar e derrotar o bolsonarismo. Embora tenhamos diferentes partidos e espectros políticos neste segundo turno, com candidaturas de centro-direita, é a esquerda que se opõe programaticamente à política do ódio, ao conservadorismo e ao ultraliberalismo que caracterizam o bolsonarismo.
Assim, o Brasil de Fato entende que as disputas envolvendo nomes de centro-esquerda em cidades importantes são um recado de que este programa responde aos desafios da atual conjuntura. As conquistas populares de políticas que enfrentam desigualdades e constroem cidades mais justas estão representadas nessas candidaturas em muitas cidades que terão segundo turno neste domingo (29). Principalmente os partidos PT, PCdoB e PSOL, e pontualmente PDT e PSB, são candidaturas com projetos políticos que priorizam, de fato, as necessidades da população brasileira, acima de interesses privados e da usura do mercado.
A união das forças progressistas aponta para um amadurecimento desse debate e um possível ensaio para 2022.
Edição: Vivian Fernandes