Frustrado o último debate entre os candidatos à prefeitura de São Paulo, na noite dessa sexta-feira (27), Guilherme Boulos (PSOL) expôs propostas e respondeu perguntas em live durante 40 minutos, das 22h20 às 23h. Quatro internautas perguntaram sobre emprego, trânsito, educação e juventude. Mas Boulos abriu o programa criticando a política dos governos estadual e municipal no combate à covid-19, afirmando que São Paulo “não fez a lição de casa” e explicando que gostaria de fazer esses questionamentos durante o debate na TV Globo.
Ele falou em “aumento exponencial de casos”, crescimento do número de internações em UTIs e risco de segunda onda. E questionou o fato de o governador João Doria, “padrinho” de seu adversário, Bruno Covas (PSDB), ter marcado uma entrevista coletiva sobre o tema para o dia seguinte ao da eleição, dando margem à suspeita de “subordinação ao calendário eleitoral”.
Por que São Paulo não fez a lição de casa da testagem em massa?” questionou Boulos. Segundo ele, 8 mil agentes comunitários poderiam ter sido mobilizados para a tarefa. O candidato também criticou o fato de hospitais estarem fechados, total ou parcialmente, e incluiu o monitoramento epidemiológico como medida básica ao lado da testagem. Para ele, o assunto foi tratado com “certa leniência, para dizer o mínimo”.
Renda e frentes de trabalho
A primeira pergunta, de internauta identificada como Renata, foi sobre o que ela chamou de “pandemia econômica”: emprego, renda e precarização do trabalho. Boulos afirmou que um grupo de economistas elaborou um plano “bastante ousado” e citou três pontos, começando pelo chamado programa Renda Solidária, com auxílio de até R$ 400. “Cabe no orçamento de São Paulo. E tem efeito multiplicador”, comentou.
Os outros dois itens são o de frentes de trabalho, com 50 mil vagas previstas em quatro anos, para pequenas obras de infraestrutura, por meio das subprefeituras. E, por último, medidas de apoio a pequenos empreendedores.
“Lupa” nos contratos de transporte
Morador da zona leste, Caíque perguntou sobre medidas para reduzir o caótico trânsito paulistano. Para o candidato do Psol, esse “problema crônico” está relacionado à precariedade no transporte público. Também citou três propostas: aumentar a velocidade dos ônibus por meio de corredores e faixas exclusivas, integrar modais e usar “lupa nos contratos” da prefeitura com empresas de transportes, que seriam de certa forma “estimuladas” a manter superlotação nos ônibus.
Boulos falou em criar 150 quilômetros de corredores em quatro anos. E instalar bicicletários, gratuitos, em terminais rodoviários e estações de metrô.
Educação e juventude
Jorge perguntou sobre educação e questionou o atual plano de metas. Segundo Boulos – que lembrou ter sido professor de Filosofia na rede pública –, os governos do PSDB historicamente tratam com “descaso” professores e funcionários públicos. Ele falou em valorização, não apenas do ponto de vista salarial, mas com “perspectiva” e plano de carreira, fazendo, por exemplo, parcerias com universidades públicas para estimular cursos de mestrado e doutorado entre os docentes. Além disso, equipar melhor as escolas (wi-fi, laboratório, biblioteca e merenda com alimentos orgânicos) e adaptações na base curricular. E sugeriu a aplicação da Lei federal 10.639, de 2003, sobre o ensino de história e cultura africanas.
A última questão, feita por Tuca Macêdo, foi sobre cultura e jovens. O candidato citou a proposta dos Centros do Futuro, para desenvolvimento não apenas da qualificação profissional, mas outras aptidões, como arte e tecnologia. Boulos falou em destinar 3% do orçamento municipal para a área de cultura. Neste ano, o total não chegou a 1%.
Boulos lembrou que está assintomático e pediu que todos continuem se cuidando nesta reta final de campanha, usando máscara, mantendo o distanciamento e portando álcool em gel. “Vai ter muita gente virando os votos no meu lugar. A ideia, afirmou ao final, é a partir de janeiro transformar São Paulo na “capital da democracia e da diversidade”.