Nesta segunda-feira (30), a fotógrafa mineira Isis Medeiros lança o livro 15:30, em que documenta em fotografias a tragédia do rompimento da Barragem do Fundão em Mariana (MG), da mineradora Samarco, que em novembro completou cinco anos.
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Residente da capital mineira, Belo Horizonte, ela partiu para Mariana quando viu pela televisão as cenas de destruição provocadas crime ambiental na cidade. Até então, Isis trabalhava com registro de eventos e, de vez em quando, registrava protestos de rua. O contato com a cena de destruição provocada pelo rejeito tóxico mudou sua trajetória profissional e a maneira de olhar para a própria origem.
"Eu ainda não me entendia como mineira. O que é ser mineira. Eu não entendia que eu vinha de um território super contraditório e super explorado por esse capital. Então foi a partir do rompimento da barragem de Mariana, que eu comecei a me aproximar da pauta da mineração, que eu comecei a querer entender o que significava a mineração para Minas Gerais e para esses territórios", relata ela.
O rompimento da barragem, no dia 5 de novembro de 2015, causou a morte de 19 pessoas. A bacia do Rio Doce foi contaminada por 50 milhões de metros cúbicos de rejeito de mineração, e 860 hectares de Mata Atlântica foram devastados. A lama tóxica atingiu, ao todo, 43 municípios e quatro terras indígenas. Até hoje, a população sente os impactos do crime ambiental e da injustiça.
Na avaliação de atingidos e figuras públicas das instituições de justiça de toda a Bacia do Rio Doce, a Samarco, empresa controlada pela Vale e pela BHP Billiton, ainda não foi punida.
Isis vem acompanhando ao longo destes cinco anos a luta dos atingidos por respostas e reparação. Ela participou de reuniões, plenárias, manifestações, marchas e encontros de movimentos sociais, sempre com a câmera na mão.
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Ao todo, são mais de 8 mil fotos; destas, 71 foram parar no livro 15:30. O título é referência ao horário em que foi anunciado o rompimento da barragem. Com este material, Isis espera que a história e a luta dessa população não seja esquecida.
"Eu penso que para além do apagamento destas comunidades, do apagamento material de casas, de territórios, de rios, de nascentes, da Bacia do Rio Doce, também tem o apagamento cultural, religioso e espiritual, que é algo que é invisível para os nossos olhos, mas que para essas pessoas tem um significado e tem uma importância muito grande. A fotografia tem esse poder de resgatar a memória das pessoas."
O lançamento ocorreu pelo canal do Youtube da editora Tona, com a participação do ativista indígena Ailton Krenak, que escreveu o prefácio do livro, da fotógrafa e documentarista Nair Benedicto e da ativista Simone Silva.
Edição: Raquel Setz e Marina Duarte de Souza