É fundamental estudarmos formas de intervir e dar acesso a uma informação de qualidade
Quatro décadas após o início da epidemia da Aids, o Brasil ainda enfrenta uma série de problemas para conter a disseminação do vírus HIV. Os principais deles seguem sendo o estigma e a desinformação sobre a doença.
Conforme dados divulgados pelo Ministério da Saúde, na terça-feira (1), o Brasil registrou 41.919 novos casos de infectados pelo HIV em 2019, número 7% menor que as 45.078 novas infecções do ano anterior.
Ainda segundo o levantamento, 51,6% dos infectados são homens homossexuais e bissexuais, 31,3% são heterossexuais e 1,9% são usuários de drogas injetáveis (UDI).
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A socióloga Daniela Riva Knauth, integrante da Comissão de Ciências Sociais e Humanas em Saúde da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), ressalta que, embora a situação ainda seja preocupante, o país registra avanços no uso de tecnologias e no entendimento sobre os contaminados.
“As ciências sociais e humanas em saúde foram fundamentais no início da epidemia, estudando o comportamento dos grupos mais afetados, que eram grupos que tinham poucos estudos naquele momento”, destaca.
Para ela, mesmo com o passar de tantos anos, o estigma ainda é uma grande barreira. Daniela cita que hoje estão à disposição remédios profiláticos (para serem usados antes, como prevenção) eficazes, mas que muitas vezes são ignorados por falta de conhecimento.
“Esse é um desafio importante para a gente entender como usar medicamento sem ter o vírus, associado a uma doença fortemente estigmatizada, se coloca para as pessoas e em que medida esse estigma se apresenta como uma barreira importante na adoção dessas estratégias de prevenção”, avalia.
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A socióloga lamenta que exista uma grande desinformação sobre prevenção e tratamento principalmente entre a população jovem. Para ela, as estratégias atuais devem contemplar o mundo digital, para além de ensinos tradicionais que também deve ser mantidos nas escolas e serviços de saúde.
“É justamente nessa população jovem que o HIV tem aumentado no Brasil. É fundamental nós estudarmos formas de intervir e dar acesso a uma informação de qualidade, utilizando também a tecnologia de informação e comunicação adequada a essa população”, avalia.
Edição: Leandro Melito