Cerca 20,7 milhões de venezuelanos estão aptos a votar neste domingo (6) nas eleições legislativas da Venezuela. São cerca de 14 mil candidatos que estão inscritos no pleito eleitoral, sendo que 52% dos representantes serão escolhidos por listas enviadas pelos partidos e 48% pelo voto nominal.
O Brasil de Fato acompanha com exclusividade o dia de votações diretamente da capital Caracas, onde nossa correspondente, Michele de Mello, traz informações das ruas e dos principais centros de votação de chavistas e de opositores.
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O acesso regular a serviços básicos como água, gás, eletricidade, internet e alternativas para o desabastecimento de gasolina estão entre as principais demandas que o eleitorado venezuelano deseja conquistar por meio do voto.
O poder aquisitivo da classe trabalhadora venezuelana diminuiu 99% ao longo dos últimos cinco anos. O país enfrenta bloqueio econômico de países da União Europeia e dos Estados Unidos. Entre agosto de 2018 e setembro de 2020, o Bolívar Soberano, moeda nacional, perdeu mais de 866 mil porcento do seu valor.
Maria D´Ávila pertence ao Conselho Comunal Arturo Michelena em Altagracia, onde também está localizada a Ocupação Minka, na região centro-oeste de Caracas. Para a médica de 60 anos, é fundamental o exercício do voto.
“Devemos resgatar nossa Assembleia Nacional para poder gerar leis de inclusão, leis de justiça social", opina D´Ávila.
A liderança comunitária acredita, no entanto, que para a construção de uma nova pátria, o povo venezuelano precisa ter conhecimento de seu processo histórico.
"A história nos faz recordar que somos valiosos, que muitos seres deram suas vidas para construir um mundo mais humano, um mundo de justiça, um mundo onde a igualdade social é tão importante. Por isso não podemos deixar nunca que apaguem nossa história", aponta.
Ao todo, 107 organizações políticas estão habilitadas a participar do pleito, que pela primeira vez terá o chavismo dividido em duas chapas: o Grande Polo Patriótico (GPP) e a Aliança Popular Revolucionária.
O GPP, do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV), e a Aliança Democrática, pelo lado opositor, são as duas maiores chapas. Cerca de 90% dos inscritos no pleito são opositores ao governo de Nicolás Maduro.
Caso o Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) conquiste a maioria das cadeiras, se tornará a maior força política do país, tendo o controle do Executivo, do Legislativo, 19 dos 23 governos estaduais e 90% das prefeituras.
No Twitter, Maduro se manifestou sobre o pleito e disse que por meio do voto, a Venezuela mostrará que é uma nação livre e soberana e que "o povo vai legitimamente retomar a Assembleia Nacional”.
"Este domingo, mais uma vez demonstraremos ao mundo a firme vocação democrática do povo venezuelano e a transparência de um sistema eleitoral totalmente automatizado, o mais auditado e seguro", postou o presidente venezuelano.
Este domingo #6Dic, una vez más le demostraremos al mundo la firme vocación democrática del pueblo venezolano y la transparencia de un sistema electoral totalmente automatizado, el más auditado y seguro. pic.twitter.com/mwQOVnIFou
— Nicolás Maduro (@NicolasMaduro) December 5, 2020
Recentemente, os venezuelanos passaram por duas simulações eleitorais, onde puderam conhecer a nova urna eletrônica e as medidas de biossegurança que serão adotadas por conta da pandemia.
Há poucas semanas também, especialistas do Conselho de Especialistas da América Latina (Ceela), após mais de um mês de acompanhamento técnico no país, confirmaram a eficiência do sistema eleitoral venezuelano. Os resultados oficiais devem ser divulgados ainda na noite de domingo.
Durante o encerramento de campanha do Grande Polo Patriótico - a chapa governista que concorre ao pleito - o presidente Maduro, que deve votar logo nas primeiras horas deste domingo, chegou a afirmar que deixaria o cargo caso a oposição ganhe as eleições. “Deixo meu destino nas mãos do povo da Venezuela", disse.
O opositor Juan Guaidó, cujo partido Voluntad Popular não foi habilitado para o pleito eleitoral, vem ecoando junto a setores da direita o coro pela abstenção eleitoral, afirmando que o processo deste domingo seria fraudulento, mas não apresentou provas.
Edição: Leandro Melito