Pratos sem comida, barrigas vazias e bolsos sem dinheiro. Essa é a realidade de milhões de brasileiros que convivem diariamente com a fome, a insegurança alimentar e o desemprego. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2020 foram contabilizadas 10,3 milhões de pessoas sem acesso regular à alimentação básica no Brasil. Outras 14,1 milhões estão desempregadas. Os números, ao longo do ano, sofreram o impacto da pandemia de coronavírus, que aprofundou as desigualdades já existentes no país.
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Foi nesse contexto que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) decidiu fazer de 2020 um ano de solidariedade. Desde março, com a chegada da pandemia ao Brasil, o movimento iniciou campanha nacional de doação de alimentos produzidos em acampamentos e assentamentos da reforma agrária para famílias urbanas em situação de vulnerabilidade.
Só no Paraná, de março a dezembro, o MST chegou à marca de 442 toneladas de alimentos doados. Ao todo, 51 acampamentos e 121 assentamentos participaram das campanhas solidárias (veja agenda de doação de alimentos no estado no final desta matéria).
“O que nós estamos fazendo só foi possível porque a terra foi repartida. E estando nas mãos de trabalhadores, gera fartura, trabalho, comunidade, saúde, educação, desenvolvimento, solidariedade, um cuidar do outro”, afirma Roberto Baggio, representante do Paraná na direção nacional do MST.
Marmitas da terra
Além da doação de alimentos in natura, também desde o início da pandemia, o MST, junto a outras entidades e associações, produz marmitas que são entregues em bairros empobrecidos de Curitiba e a pessoas em situação de rua.
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A ação, batizada de “Marmitas da Terra”, tem cerca de 120 pessoas voluntárias, que também participam do plantio e da colheita dos alimentos em áreas da reforma agrária e da agricultura familiar. Desde maio, já foram entregues 32.910 refeições.
Também desde o início da pandemia, cerca de 20 comunidades do MST no Paraná criaram hortas comunitárias voltadas especialmente para a produção de alimentos para doação.
"Neste momento de ausência total de políticas públicas para ajudar os mais vulneráveis, ações de solidariedade entre a classe trabalhadora são fundamentais", diz Adriana Oliveira, coordenadora da ação Marmitas da Terra e integrante do MST.
Em todo o Paraná
Em dezembro, as ações se intensificam para promover um grande Natal solidário no estado. Estão previstas ações de doação de alimentos em todas as regiões do Paraná.
Na região Sudoeste, no dia 16, o MST - em parceria com organizações do Fórum Regional Campo-Cidade e o Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (Capa) - doou 413 cestas de alimentos nos municípios de Dois Vizinhos, Clevelândia, Bituruna e Francisco Beltrão.
Nas regiões Noroeste e Centro, no dia 19, está prevista a doação de mais de quatro toneladas de alimentos em Paissandu, Guarapuava e Pinhão.
Na região Norte, no dia 22, serão doadas 15 toneladas de alimentos em Londrina Porecatu, Centenário do Sul, Florestópolis e Arapongas.
Já na região Oeste, a previsão é de doação de mais de quatro toneladas de alimentos em Cascavel e região.
Na região Sul, as grandes ações serão em Curitiba. Nos dias 21, 22 e 23, a ação Marmitas da Terra fará entregas consecutivas. Além disso, nos dias 22 e 23, em parceria com Sindicato dos Petroleiros Paraná e Santa Catarina (Sindipetro) e Produtos da Terra, o MST organiza a doação de mais de sete toneladas de alimentos e cestas de Natal (com cerca de 7kg de alimentos cada).
Fonte: BdF Paraná
Edição: Frédi Vasconcelos