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É possível ser feliz no Natal!

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Este ano não tem nada disso. Mesmo que haja festas de empresas nos bares, não me encontram lá. A quarentena continua. - Unsplash
A festa religiosa se tornou comercial

Todos os fins de ano, fico incomodado com a chegada do Natal.

É que desde o fim de novembro, tem a música Jingle Bells azucrinando os ouvidos onde quer que a gente vá.

E acho uma chatice também a figura do Papai Noel. O sujeito chamado “bom velhinho” tem a missão de incentivar as pessoas a comprarem o que podem e o que não podem.

Com tanta propaganda, pobres se atolam em dívidas para comprar presentes para os filhos não ficarem frustrados.

A festa religiosa se tornou comercial.

E tem as despedidas de empresas, em bares e restaurantes. Reúnem-se em grupos ali para comemorar o ano que passou e trocar presentes.

Aprontam uma barulheira que incomoda a nós, frequentadores normais de botecos.

Algumas pessoas não habituadas a beber, depois de uns dois copos de cerveja começam a batucar com talheres em garrafas, desafinadamente. E riem alto. Falam alto. Sempre tem uma moça que depois de beber solta sua fala aguda bem alta e um homem com voz de tenor agredindo nossos ouvidos.

Este ano não tem nada disso. Mesmo que haja festas de empresas nos bares, não me encontram lá. A quarentena continua.

Nesta época, fico lembrando de uma das melhores noites de Natal que já passei.

Foi em Pirapora, norte de Minas Gerais, esperando o dia de pegar o vapor que desceria o rio São Francisco até Juazeiro, na Bahia.

Estávamos num grupo grande. Na noite de Natal, as moças e alguns rapazes foram a um bar do centro da cidade.

Meus amigos Mário e Ricardo - e eu - fomos beber cerveja num prostíbulo.

E lá deparei com a tristeza das prostitutas que acontece em datas como esta. Distante de familiares, que não as aceitam mais, elas ficam deprimidas, pensativas.

E havia um monte delas assim. Uma tristeza danada!

Começou a tocar um bolero, eu fui à mesa em que estava um grupo e tirei uma delas pra dançar.

Sempre dancei mal, mas nessa noite parece que baixou o santo em mim. Dancei maravilhosamente. Quando levei a moça de volta à mesa, uma outra pediu que eu dançasse com ela também. Dancei.

Meus amigos entraram na dança também. Tiraram outras para dançar.

E assim fomos passando a noite, dançando alegremente, entre uma cerveja e outra.

Modéstia à parte, fui o mais requisitado.

Saímos de lá quando o sol nascia, deixando muita alegria no ambiente que seria triste, e levando muita alegria também.

E pensando: “Dá pra ser feliz no Natal!”

Edição: Camila Maciel