Os novos casos de infecção pelo coronavírus registrados nos últimos 30 dias no estado de São Paulo superaram em mais de 50% o total de diagnósticos positivos confirmados nos 100 primeiros dias da pandemia de covid-19.
Segundo o governo de João Doria (PSDB), foram 196.909 novas contaminações entre 27 de novembro e 27 de dezembro. Já entre 26 de fevereiro -- quando houve a primeira confirmação de covid-19 no estado -- e 4 de junho, quando completaram-se os cem dias iniciais, foram registrados 129.200 casos.
Frente à evolução da doença, movimento que também acontece em nível nacional, o governo enquadrou o estado em caráter extraordinário na fase vermelha do Plano São Paulo do dia 25 até este domingo (27), quando apenas os serviços essenciais puderam funcionar.
Outros índices explicitam a proliferação acelerada da pandemia. Em dezembro, por exemplo, a média diária de casos de infecção cresceu 66% em relação ao mês anterior.
Foram 7.217 novos casos por dia contra 4.344 registros diários em novembro. Também houve um aumento expressivo em relação aos óbitos: enquanto no mês passado eram 91 por dia, este mês a média saltou para 148 - um aumento de 61%.
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Dados dos 30 dias anteriores à véspera do Natal, 24 de dezembro, também endossaram que a média móvel de mortes no estado havia aumentado 53%.
Conforme nota divulgada pelo governo, as equipes da Vigilância Sanitária estadual realizaram 3.383 inspeções e 90 autuações em todo o estado no feriado de Natal, incluindo bares, baladas e festas clandestinas.
Números atualizados
Segundo boletim divulgado neste domingo (27) pela Secretaria de Saúde do governo paulista, nesses dez meses de pandemia foram registrados em todo o estado 45.863 mortes e 1.426.176 casos confirmados.
Entre o total de casos diagnosticados, 1.260.722 pessoas estão recuperadas, sendo que 152.839 foram internadas e tiveram alta hospitalar.
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Ontem, todos os 645 municípios de São Paulo tinham, pelo menos, uma pessoa infectada, sendo 604 com um ou mais óbitos. O número de pacientes internados era de 10.648, sendo 5.806 em enfermaria e 4.842 em unidades de terapia intensiva.
Já as taxas de ocupação dos leitos de UTI eram de 65,6% na Grande São Paulo e 61,1% em todo o estado.
Foco de transmissão
As imagens das praias do litoral paulista lotadas ao longo dos últimos dias do feriado de Natal, sem o cumprimento dos protocolos sanitários essenciais para frear o vírus, anunciam o agravamento do cenário.
A chegada das festas de fim de ano se tornou a principal preocupação dos infectologistas e profissionais da saúde e todos os temores dos especialistas parecem se concretizar.
Apesar da adoção da fase vermelha extraordinária pelo governo estadual, prefeituras de 12 cidades do litoral paulista decidiram não cumprir a determinação. Ainda que as cidades tenham alegado ter reforçado a fiscalização dos protocolos, a pressão dos comerciantes foi muita e grandes aglomerações nas faixas de areia foram registradas.
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Entre os municípios litorâneos que decidiram manter a fase amarela do Plano São Paulo estão Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e os nove municípios da Baixada Santista: Santos, São Vicente, Peruíbe, Praia Grande, Cubatão, Guarujá, Bertioga, Itanhaém e Mongaguá.
No interior, Bauru também não adotou medidas mais restritivas. Assim como Cotia e Mogi das Cruzes, na grande São Paulo.
Conforme anunciado pelo governo Doria, entre os dias 1 e 3 de janeiro o estado retornará para a fase vermelha emergencial. Mas, a exemplo do feriado do Natal, a perspectiva é que as praias de SP continuem abarrotadas no réveillon.
Edição: Leandro Melito