As 51 famílias que moram aqui vieram nesse intuito de preservar, de cuidar do que temos
O maior e mais antigo pau-brasil está fincado em terras que atravessaram diferentes formas de uso, posse e apropriação em território nacional. Com cerca de 600 anos, a árvore é possivelmente mais antiga que o processo de colonização portuguesa e hoje se mantém preservada por 51 famílias assentadas em Itamaraju, no extremo sul da Bahia.
O Projeto de Assentamento Sustentável (PDS) que carrega simbolicamente o nome Pau-brasil tem 12 anos. O trabalho no local consiste na preservação da Mata Atlântica, bioma que mantém apenas 12% de sua cobertura original no país.
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Para tanto, são desenvolvidas atividades como coleta de sementes, produção de mudas e identificação de espécies, como afirma a assentada Claudia Vicente.
"Uma vez assentamento, temos esse trabalho de estar multiplicando algumas espécies que temos aqui no PDS. Temos um grupo de coleta de sementes e em breve, se deus quiser, vamos ter um viveiro de mudas, para as espécies que já coletamos”, assegura.
Só de pau-brasil, o PDS catalogou 720 espécies em 2010. Hoje, há uma estimativa de mais de mil árvores símbolo do Brasil no local. Entre elas, a maior e mais antiga foi identificada pelo assentado Manoel de Jesus em 2014.
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A espécime é chamada como Árvore-rei no assentamento e possui 7,13 metros de diâmetro e 45 metros de altura, o equivalente a um prédio de 15 andares.
Neste mês de dezembro, o botânico Ricardo Cardim, que pesquisa pau-brasil, publicou no Instagram que visitou o local e atestou que a árvore no assentamento do MST é a maior e mais antiga registrada até o momento.
O PDS preserva e multiplica também outras espécies centenárias como pequi, jacarandá, sapucaia e oiti. Todo o trabalho está sendo feito para uma transição no modo de uso da terra e relação com a natureza.
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Antes da emissão de posse da terra no dia 7 de março de 2009, o local era uma fazenda de cacau e parte do território foi degradado. Enquanto missão da Reforma Agrária Popular em Pau-brasil, algumas áreas seguem intocadas para recuperação.
Cada família assentada possui um espaço delimitado para produção em harmonia com a natureza e carrega a condição de guardiãs e guardiões da biodiversidade.
“As 51 famílias que moram aqui vieram nesse intuito de preservar, de cuidar do que temos. E com as muitas espécies, a nossa área é quase toda de Mata [Atlântica], e onde não é mata é tratado no sistema cabruca”, afirma.
A forma cabruca é utilizada para a produção de cacau, e consiste na relação sustentável com a mata, ao lado das espécies que já existem na flora. Cada família possui um quintal produtivo, favorecendo a organização de uma cadeia agroecológica no PDS.
*Com informações do Coletivo de Comunicação do MST Bahia
Edição: Douglas Matos