O padre Antonio Luiz Marchioni, conhecido como Padre Ticão, faleceu na sexta-feira passada (1º), em São Paulo, aos 68 anos. Líder de movimentos sociais na zona leste da capital paulista, o religioso fazia parte da Paróquia de São Francisco de Assis, em Ermelino Matarazzo.
De acordo com informações da Diocese de São Miguel Paulista, Padre Ticão chegou a ser internado no último dia 30 de dezembro no Hospital Santa Marcelina. No primeiro dia deste ano, ele sofreu uma parada cardíaca e não resistiu.
“Informamos o falecimento do nosso querido padre Antonio Luiz Marchioni, que era pároco da Paróquia de São Francisco de Assis, do setor Ermelino Matarazzo. Padre Ticão estava com 68 anos de idade, dos quais 42 como sacerdote”, diz a nota publicada na madrugada deste sábado.
O hospital Santa Marcelina também soltou um comunicado. “O paciente deu entrada na unidade em decorrência de uma arritmia cardíaca e o diagnóstico de edema pulmonar, permanecendo internado sob cuidado intensivo e cardiológico”.
A morte de Padre Ticão teve ampla repercussão nas redes sociais. “Com muita tristeza e forte sentimento de pesar que transmito a toda comunidade da Paróquia de São Francisco, em Ermelino Matarazzo, pelo falecimento do Padre Ticão”, afirmou o vereador de São Paulo, Eduardo Suplicy (PT-SP).
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“Perda irreparável para a nossa zona leste e todos os que lutam por justiça social. Padre Ticão dedicou a vida a fazer o bem, confortar as pessoas. Organizava o povo de sua comunidade para lutar por direitos e contra as carências. Um exemplo! Fique em paz”, afirmou o deputado federal Orlando Silva (PcdoB-SP).
“Triste com a morte do Padre Ticão, pároco da Igreja São Francisco de Assis, zona leste de SP. Teve grande atuação pelas causas sociais e populares. Solidariedade a família, amigos e fiéis que acompanhavam e apoiavam seu trabalho. Gratidão ao seu legado! Padre Ticão, presente”, disse a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
Trajetória
Nascido em Urupês (SP), o padre chegou à capital nos anos 1970, após apoiar greves de bóias-frias e de professores na região de Araraquara (SP).
Na década de 1980, participou da ocupação ao prédio da Secretaria de Estado da Habitação para pressionar o então governador Franco Montoro a construir conjuntos habitacionais.
Ticão foi um dos líderes do movimento pela criação do Parque Dom Paulo Evaristo Arns e do Hospital de Ermelino Matarazzo, ambos na zona leste de São Paulo. Na região, fez parte da mobilização para a instalação da USP Leste e da Universidade Federal de São Paulo.
Mais recentemente, criou na paróquia um curso sobre o uso medicinal da maconha em parceria com a Universidade Federal de São Paulo.
“Não vou dizer que Deus é maconheiro, eu realmente não sei. Mas com certeza ele é canabista”, disse em entrevista a CartaCapital em 2019.
*Com informações da ‘CartaCapital'.