Após as festas de fim de ano, os hemocentros de vários estados estão com os estoques de sangue em situação crítica, o que coloca em risco a vida de pacientes que precisarem de transfusão emergencial.
A preocupação com o nível dos estoques após as festas de fim de ano é habitual. Mas dessa vez, a situação está mais delicada do que em outros anos, como explicou o chefe da Divisão Técnica do Hemocentro do Distrito Federal, Alexandre Nonino.
"É próximo das festas que as pessoas viajam bastante. Na semana de Natal e Ano Novo é comum termos uma redução no comparecimento. É que ela foi mais intensa nesse ano. Mesmo quando a gente não esperava, já que as pessoas estão viajando menos", ressalta.
O hemocentro do Distrito Federal começou o ano de 2021 com estoques críticos de sangue dos tipos O negativo, O positivo e B negativo. Estados como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro estão com escassez de ao menos quatro tipos sanguíneos. O hemocentro do Tocantins informou que está com estoque crítico em todas as tipagens sanguíneas, com urgência para o tipo O negativo.
Para resolver o problema da falta de sangue em várias regiões brasileiras, é preciso que haja aumento no volume de doadores. Durante a pandemia de covid-19, os hemocentros da maioria dos estados estão recebendo doadores de sangue apenas mediante agendamento prévio pela internet ou por telefone — para evitar aglomerações e para diminuir o tempo de permanência dessas pessoas nas salas de espera e de coleta de sangue.
O analista de sistemas Jonathan Ferreira Franco começou a doar sangue há cerca de 10 anos e não parou mais. Ele contou que vai ao hemocentro do Distrito Federal de três a quatro vezes por ano.
"É meio que uma gratidão à sua vida, à sua saúde, e saber que você está ali ajudando o outro é bacana. Porque doar sangue eu também acho que é um ato de amor ao próximo. Você está fazendo o bem a quem você nem conhece. E eu fiz isso com a rotina, com o estilo de vida, porque se hoje eu tenho a graça de estar saudável e poder fazer porque outras pessoas precisam, então, por que não fazer? Acho que é isso que me motiva. É algo importante para mim. Faz parte da minha vida", explica.
Para doar sangue, como Jonathan, é preciso ter idade entre 16 e 69 anos, pesar no mínimo 50 quilos, estar bem alimentado, e ter dormido pelo menos seis horas na noite anterior. Em alguns casos, a doação pode ser impedida — por exemplo, se a pessoa já utilizou drogas ilícitas injetáveis; se teve hepatite após os onze anos de idade; e se possui doenças transmissíveis pelo sangue, como HIV/Aids, doença de Chagas, e as hepatites B e C.