O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) divulgou, em novembro de 2020, a pesquisa “Contas do Ecossistema: Espécies Ameaçadas de Extinção”, que mostra que a Mata Atlântica era, em 2014, o bioma brasileiro com o maior número de espécies ameaçadas de extinção. O estudo foi destaque do programa Bem Viver.
O estudo analisou as listas de espécies nacionais oficiais de 2014 e as avaliações sobre a sua conservação, publicadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).
Ao todo, havia 3.299 espécies de animais e plantas com risco de extinção no Brasil. Desse número, 1.989, estão na Mata Atlântica, 25% do total de espécies do bioma. Para Renato Crouzeilles, mestre e doutor em ecologia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, além de professor auxiliar da Universidade Veiga de Almeida, no mestrado posicional em Ciência do Meio Ambiente, o dado é alarmante.
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“É um número muito preocupante, porque estamos perdendo, nas últimas décadas, centenas de espécies, fora as que não chegamos a conhecer. Isso acontece devido aos males que o homem provoca ao meio ambiente, como por exemplo a perda e fragmentação de habitats. Nós temos perdido várias áreas de florestas e vegetação nativa”, explica o especialista.
Crouzeilles explica que o processo pode ser amenizado. “Regeneração natural, que é quando a natureza toma conta do processo, é um caminho. Mas ainda assim, você precisa de uma intervenção humana, até para o monitoramento dessas áreas. Quando a natureza não tem condições de se regenerar, aí você precisa fazer a restauração ativa, que é fazer o plantio e mudas”, explica o pesquisador, que cita o exemplo do Mico Leão Dourado, que estava ameaçado no país.
“Era uma espécie com risco de extinção, mas conseguimos reverter esse processo. Diversas coisas foram feitas para reverter a extinção dessa espécie. Por exemplo, criaram corredores florestais, entre os pedações de mata que sobraram, para as espécies se deslocarem. O outro foi a reintrodução das espécies no local onde já existiam, além do monitoramento, acompanhamento e proteção dessas áreas.”
Sobre o cenário atual, Crouzeilles é pessimista e alerta para a alta nos índices de desmatamento no país. “O Brasil vinha implementando diversas políticas para preservação dos biomas, mas foram interrompidas. Temos que ter muito cuidado, a política atual do Brasil não é voltada para o meio ambiente e estamos vendo a consequência disso”
Edição: Leandro Melito