O Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia divulgou um comunicado internacional de análise da crise interna dos Estados Unidos, intensificada após a invasão do Capitólio por apoiadores de Donald Trump em 6 de janeiro.
A maior guerrilha em atividade no território colombiano considera que a crise interna do país norte-americano, centro do imperialismo, pode representar um momento de fôlego para as lutas populares em todo o mundo.
"A crise interna do centro imperialista abre uma oportunidade para as diferentes lutas dos povos do mundo pela autodeterminação e soberania, pela paz e pela solução política dos conflitos, pela cooperação e pelo multilateralismo como os eixos articuladores das relações internacionais", diz o documento.
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Na análise do ELN, a crise da ultradireita nos EUA pode ter repercussões na América Latina, com o desgaste dos seguidores de Trump, como Jair Bolsonaro no Brasil e Álvaro Uribe na Colômbia. Para a guerrilha, composta por mais de 2 mil membros, se coloca "uma oportunidade para os povos que procuram derrubar esses regimes de ditadura mafiosa, e colocar em seu lugar governos do povo e para o povo".
Além de reforçar que a crise estadunidense pode influenciar no ascenso das lutas populares na região latino-americana, o ELN afirma ainda que a pandemia reforçou o fracasso do bipartidismo nos EUA, um modelo que consideram "arruinado".
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"As lutas do povo americano contra o extermínio, o empobrecimento, a exclusão violenta, o racismo, a depredação capitalista, o patriarcado, a guerra e o armamento, buscam outro tipo de democracia além do modelo arruinado apoiado pelos dois partidos tradicionais, que mostrou suas misérias em 6 de janeiro passado e que é cada vez menos uma referência para outras nações", expõe.
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Leia, a seguir, a declaração na íntegra.
ESTADO UNIDOS: DE GOLPE EM GOLPE ATÉ O AUTOGOLPE
Comando Central do Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia
Há dois séculos os Estados Unidos (EUA) vêm perpetrando golpes de Estado em todo o mundo, com os quais apoiaram seu império, agora eles devem ingerir a mesma poção com a qual intoxicaram outros países.
A crise americana se intensificou durante a presidência de Trump, devido a suas políticas anti-sociais contra seu próprio povo e sua arrogância imperialista para com outras nações; em meio ao colapso econômico agora agravado pela pandemia, que em maio terá matado 655.000 americanos, um número igual ao dos mortos pela Guerra Civil estadunidense (1861-1865).
As vítimas da pandemia são as mais empobrecidas entre os migrantes, indígenas e negros, que apesar de suas dificuldades desenvolvem uma revolta crescente contra a plutocracia que governa os Estados Unidos, uma rebelião que se tornou um poderoso movimento antirracista, o arquiteto do fracasso da reeleição de Trump, apesar dos 74 milhões de votos que ele ganhou.
As lutas do povo americano contra o extermínio, o empobrecimento, a exclusão violenta, o racismo, a depredação capitalista, o patriarcado, a guerra e o armamento, buscam outro tipo de democracia além do modelo arruinado apoiado pelos dois partidos tradicionais, que mostrou suas misérias em 6 de janeiro passado e que é cada vez menos uma referência para outras nações.
A crise interna do centro imperialista abre uma oportunidade para as diferentes lutas dos povos do mundo pela autodeterminação e soberania, pela paz e pela solução política dos conflitos, pela cooperação e pelo multilateralismo, como os eixos articuladores das relações internacionais.O questionamento da facção de ultra-direita racista dos Estados Unidos pode ter repercussões em seus seguidores latino-americanos, como Bolsonaro e Álvaro Uribe, e constitui uma oportunidade para os povos que procuram derrubar esses regimes de ditadura mafiosa, e colocar em seu lugar governos do povo e para o povo.
Edição: Luiza Mançano