Vacinação

Em ato simbólico, cinco primeiros gaúchos são imunizados contra covid-19

Quatro mulheres e um homem foram os primeiros vacinados no estado, em cerimônia no Hospital das Clínicas de Porto Alegre

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Rio Grande do Sul imunizou os cinco primeiros gaúchos na noite desta segunda-feira (18) - Felipe Dalla Valle/ Palácio Piratini

Era quase meia-noite desta segunda-feira (18) quando, por meio de um ato simbólico, o governo do Rio Grande do Sul imunizou, em Porto Alegre, os cinco primeiros gaúchos com a vacina CoronaVac, do Instituto Butantan, produzida em parceria com o laboratório chinês Sinovac. 

A cerimônia teve início às 23h20, no Hospital das Clínicas, na capital gaúcha, com a vacinação de cinco pessoas: Eoína Gonçalves Born, 99 anos, residente do Donna Care Lar Geriátrico; Carla Ribeiro, 32 anos, pertencentente à etnia Kaingang, da Aldeia Fag Nhin, na Lomba do Pinheiro; Joelma Kazimirski, 48 anos, auxiliar de higienização do Grupo Hospitalar Conceição; Jorge Amilton Hoher, médico chefe do serviço de Medicina Intensiva da Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre; e Aline Marques da Silva, 40 anos, técnica de enfermagem do Hospital das Clínicas de Porto Alegre. Os cinco pertencem ao grupo prioritário do Plano Nacional de Imunizações. 

“Esse dia eu sinto que trago a esperança para a população gaúcha para que se vacinem para poder voltar ao convívio com sua família, seus amigos. A vacina é segura, mas mesmo assim não podemos deixar de continuar com as nossas prevenções, lavagem de mãos, uso de máscara, procurar não se aglomerar, até que tudo volte ao normal”, destacou Aline Marques.

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"Dia em defesa da vida"

Diretora-presidente do Hospital das Clínicas, Nadine Clausell abriu a cerimônia destacando ser um momento de esperança depois de nove meses dessa batalha. “Esse é um momento de agradecimento, de esperança. De entender que esse é um novo passo, um novo momento nessa pandemia. No momento em que as equipes estão muito cansadas, muito exaustas e vem uma injeção, emblematicamente, de esperança. Essa vacina é muito isso, de dizer que há uma luz no fim do túnel”, afirmou. 

Na sequência, bastante emocionada, a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, enfatizou que é o dia de celebrar a vida. “Nossas palavras são de profundo agradecimento a todos os profissionais de saúde, e dizer que acima de tudo nós acreditamos que, junto com a vacina, os cuidados básicos, o uso da máscara e evitando aglomerações, nós vamos vencer”, afirmou. 

Em sua exposição, por mais de uma vez, o governador Eduardo Leite destacou o papel da ciência e reiterou a importância de se manter os cuidados. “Talvez uma noite nunca foi tão clara, iluminada pela ciência, que rompe com a escuridão daqueles que negam a importância da pesquisa e da ciência no nosso país. São aproximadamente 23h40min, e nós estamos aqui, com toda disposição e animação como se fossem as primeiras horas do dia pela expectativa deste momento”, enfatizou. Leite destacou o papel desenvolvido pelos profissionais que estão na linha de frente da saúde pública, do SUS, pelos cientistas e pesquisadores. 

O governador fez apelo para que a população mantenha os cuidados de higienização das mãos, da superfície, uso de máscaras, não aglomerando. “Essa é a verdadeira homenagem para quem está na linha de frente demandado fortemente pelos efeitos dessa pandemia. Temos profissionais que estão cansados, não se rendem, mas precisam ver nas ruas uma população que apoie, cumprindo com sua parcela de responsabilidade. A gente começa essa imunização hoje, são 341 mil doses, mas é o início desse processo, precisamos que todos colaborem, cumprindo o distanciamento social”, reforçou. 

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Profissionais da linha de frente acompanhando a imunização / Felipe Dalla Valle/ Palácio Piratini

Campanha estadual

Leite pontuou que o governo do estado irá fazer uma campanha pela vacinação. “É importante que haja essa consciência da sociedade em relação à vacinação. Ela não é algo que produz um bem apenas individual para quem é imunizado. Quanto mais pessoas forem imunizadas mais a gente bloqueia o ciclo de transmissão e ai a gente salva a vida de tantas outras pessoas. Alguém que não se vacina não compromete apenas a sua vida, pode estar colocando em risco a vida de muitas pessoas a sua volta. A vacina é segura”, reforçou.

Representando os mais de 6 mil colegas de trabalho que estão na linha de frente, a técnica de enfermagem Aline, com 11 anos de atuação no Hospital das Clínicas, enfatizou o pedido de que as pessoas continuem mantendo os cuidados. “Esse dia sinto que trago a esperança para população gaúcha para que Sim, se vacinem, para voltar ao convívio das suas famílias, dos seus amigos. A vacina é segura. Mas mesmo assim não podemos deixar de continuar com as nossas prevenções, lavagem de mãos, uso de máscaras, procurar não se aglomerar, até que tudo volte ao normal”, ressaltou a técnica após ser imunizada.

Desde março na UTI covid, trabalhando à noite, Aline reforçou que o momento ainda é bastante grave. “Têm muitos pacientes graves sim, tem todas as idades, não são só idosos. É mais grave do que as pessoas possam imaginar. Perdemos muitas vidas, lutamos diariamente para salvar essas vidas, nem sempre a gente consegue, mas muitos a gente conseguiu devolver para o convívio da família, voltar a abraçar, a fazer festa, tudo que a gente gosta, de conviver com as pessoas”, finalizou. 

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Na coletiva de imprensa, questionado sobre o tratamento precoce, Eduardo Leite salientou que não é papel do governador, do governante advogar em torno de um tratamento por questão ideológica, ou de uma possível solução específica sem respaldo científico. "Não há evidência científica, e a Anvisa reforçou isso, que justifique a expectativa nesse tratamento como foi anunciado pelo próprio presidente da República. E advogar por esse tratamento precoce, alguém que tem o poder, pelo alcance da sua palavra, das suas manifestações, pelo poder que tem de mobilizar a população em uma direção ou outra, acaba sendo uma grande irresponsabilidade”, afirmou. 

Leite pontuou que o governo do estado nunca advogou o tratamento precocemente como solução, e também que não se opôs aos profissionais de saúde que quiseram ministrar esses medicamentos. “No momento em que o mundo inteiro se une em torno da vacina como grande instrumento para erradicação do coronavírus, para diminuir os contaminados, insistir no tratamento precoce, é, na minha visão particular, vender uma ilusão", ressaltou, afirmando que no estado se preza a ciência. 

Por fim, o governador salientou novamente que não se pode relaxar os cuidados. "É muito importante que as pessoas mantenham os cuidados nos próximos meses até que se tenha a imunização da população em um volume suficiente para quebrar esse ciclo de contágio que observamos ao longo dos últimos meses. Não podemos relaxar cuidados. Isso é importante para que tenhamos a possibilidade da imunização da população sem uma ilusão de que esse início de imunização tenha virado a página, não é apertar um botão e tudo está efetivamente resolvido, leva tempo para que toda essa imunização aconteça e levará tempo para que se tenha ritmo mais célere a partir do volume de doses a ser distribuído pelo Ministério da Saúde", concluiu.

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Próximos passos 

O RS, de um total de quase 6 milhões de doses da CoronaVac, recebeu 341,8 mil unidades. Dessas, 170,8 mil – aproximadamente a metade do recebido – serão encaminhadas para o Interior, a partir de Porto Alegre, na manhã desta terça (19/1) por via terrestre e aérea, com o apoio da frota de aviões da Secretaria da Segurança Pública (SSP).

Segundo o Executivo estadual, a quantidade remanescente das vacinas ficará armazenada pelo Estado para o posterior envio e aplicação da segunda dose desse público, cuja previsão para aplicação é entre duas e quatro semanas após a primeira aplicação.

Nesta terça-feira (19) serão definidas as quantidades por município, após o trabalho nas Coordenadorias Regionais de Saúde (CRS) de separar as caixas para cada cidade, seguindo os critérios populacionais dos grupos prioritários. Após, as prefeituras dos 497 municípios devem retirar na respectiva CRS o quantitativo proporcional à população a ser vacinada.

Inicialmente, o público a ser vacinado são os profissionais de saúde da linha de frente em hospitais, Atenção Básica e rede de urgência e emergência; pessoas acima de 60 anos que vivem em Instituições de Longa Permanência de Idosos (ILPI) – asilos – e população indígenas aldeadas.

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Pelo perfil do público-alvo, nesta primeira fase a aplicação das doses vai ocorrer diretamente nos hospitais para os profissionais da saúde que atuam nestes locais. Nos postos de saúde, somente os trabalhadores daquela própria unidade serão vacinados. Moradores idosos e trabalhadores de instituições de longa permanência (asilos) serão vacinados no próprio residencial. Indígenas recebem na própria comunidade. Essa mesma estratégia é usada nas campanhas de gripe anuais.

Nas próximas fases, a população poderá se vacinar nos postos de saúde próximos de onde moram nas datas respectivas.

Entre o público destinado para o início da campanha, 138 mil doses são destinadas aos trabalhadores da saúde. Isso representa 34% estimado para esse grupo no estado. Por isso, a orientação é que sejam vacinados aqueles que lidam de forma mais direta com pessoas com a covid-19, em hospitais, Samu e na Atenção Básica.

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De acordo com o recebimento de doses, os demais integrantes da área da saúde serão gradativamente incluídos. No total, o público de trabalhadores do setor da saúde estimado é de 400 mil pessoas no RS.

Outras 9,8 mil doses estão previstas para as pessoas com 60 anos ou mais institucionalizadas, deficientes institucionalizados e trabalhadores de Instituições de Longa Permanência de Idosos. Para a comunidade indígena que vive em aldeias, são mais 14 mil doses destinadas.

Veja aqui a cerimônia completa e aqui fotos do ato. 

*Com informações da Assessoria do governo do estado


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Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Camila Maciel e Katia Marko