O governo brasileiro é o horror em curso. O horror da ausência de saúde expressado pelas mais de duzentas mil mortes na pandemia, agora associado à bárbara falta de oxigênio em Manaus. O horror da inexistência de economia manifestado no crescimento desenfreado do desemprego, agora aliado à fuga de multinacionais, à bancarrota industrial. O horror da carência de política exterior figurado na miopia do contrassenso diplomático, agora associado à insistência desmoralizante no servilismo ao morto-vivo Donald Trump. O horror da privação geral de empatia personalizado na imagem grotesca do presidente, que mesmo quando cala, debocha do caos, condescende com a dor, desdenha da angústia, despreza o sofrimento.
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O governo brasileiro é o horror em curso. O horror que não é contido pelas instituições. O horror que não demonstra que vai cessar sozinho. O horror que escandaliza o tempo histórico fazendo-se cintilar no retrocesso civilizatório das políticas retrógradas, na naturalização das manifestações vis dos filhos malcriados do presidente e do sem-número de insensatos escorados nos mais diversos níveis da administração.
O governo brasileiro é o horror em curso. É o fim anunciado. É o caos, a ira, o consórcio com a morte de quase tudo. A morte das pessoas, dos valores, dos sentimentos, do meio ambiente, da decência política, da diplomacia. É a era dos carcomidos, das carcaças, dos que não têm alma nem coração, são ocos por dentro. Só não é a morte da esperança, porque quem um dia viu o Brasil ser respeitado mundo afora pelo valor que dava ao seu povo não desistirá de viver aquele sonho-realidade novamente.
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A vacina é fundamental, mas não é suficiente. A vacina porá fim ao pesadelo da pandemia, mas somente o impeachment dará início à possibilidade de construção de um novo modelo de Brasil. A vacina não é de esquerda nem de direita, é a vacina contra a covid-19. O impeachment não é de esquerda nem de direita, é o impeachment da integridade do artigo 85 da Constituição, da responsabilidade com o povo brasileiro. A vacina pela sobrevivência; o impeachment, pela dignidade da vida. Vacina e impeachment, já!
*Marcelo Uchôa é Advogado e Professor de Direito da Universidade de Fortaleza. Membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) - Núcleo Ceará.
**Este é um artigo de opinião. A visão do autor não necessariamente expressa a linha editorial do jornal Brasil de Fato.
Edição: Rogério Jordão