As regras de distanciamento social, o uso de máscara e higienização constante das mãos continuam valendo mesmo para as pessoas vacinadas contra a covid-19.
Conforme explica Alexandre Naime, chefe do Departamento de Infectologia da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (Unesp) e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia, mesmo aqueles que já receberam a vacina podem se infectar e transmitir o novo coronavírus para outras pessoas.
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Isso ocorre porque nenhuma vacina protege 100% contra a infecção, sendo necessário continuar se protegendo.
No caso da CoronaVac, o índice de eficácia no Brasil é de 78%. Isso significa que, entre as pessoas infectadas, 78% vão desenvolver apenas sintomas muito leves, sem necessidade de internação hospitalar. A proteção só é de 100% para as formas graves da doença e óbitos.
Ainda assim, em todos os casos, a proteção é contra a manifestação do vírus, ou seja, a doença, e não a infecção.
“A infecção é diferente da doença. Infecção significa entrar em contato com o vírus, ele conseguir se abrigar no seu organismo, mas não levar à doença”, que é a manifestação clínica, afirma Naime. “As vacinas não conseguem acabar com a transmissão. O objetivo das vacinas nesse momento é salvar vidas, evitar casos graves”.
Na mesma linha, Evaldo Stanislau de Araújo, infectologista do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP) e membro da diretoria da Sociedade Paulista de Infectologia (SPI), lembra que não é possível criar a “ilusão” de que o Brasil começou uma campanha de vacinação em massa contra a covid-19.
“O Brasil começou a vacinação por um grupo prioritário, que são os profissionais de saúde. E, mesmo entre os profissionais de saúde, não tem vacina para todos, estão sendo selecionados aqueles que efetivamente estão sendo mais expostos”, diz Araújo.
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Na perspectiva do infectologista, o Brasil está apenas “abrindo a porta” para desenvolver a campanha de vacinação. Quando isso de fato ocorrer, “vamos ter uma outra tarefa, que é vacinar a maioria da população brasileira para que tenha aquela proteção de rebanho, e só aí é que nós poderemos considerar algum relaxamento nas medidas de proteção”, afirma.
Edição: Rogério Jordão