As 8 toneladas de feijão orgânico que foram colhidas por famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no sul do Paraná neste mês de janeiro começaram a chegar ao prato de quem sofre com a fome durante a pandemia.
Nesta semana, o grão das comunidades Maria Rosa do Contestado, Padre Roque Zimmermann, e do Assentamento Contestado, já foram entregues a três cozinhas comunitárias de Curitiba. Em fevereiro, o fruto chegará também a famílias em situação de vulnerabilidade da cidade de Ponta Grossa.
No Maria Rosa do Contestado, localizado no município de Castro, a última safra do grão somou mais de duas toneladas em uma área de um hectare e meio. A produção, cujo ciclo levou cerca de 90 dias, não utilizou nenhum tipo de agrotóxico ou maquinário.
“Trabalhamos no coletivo, com enxada e com uma carpideira manual que alguns companheiros montaram e fizemos duas limpezas cada safra. Aqui no momento é só a força da cultura da terra, não estamos com nenhum adubo”, aponta Vanderlei Vieira da Rosa, Coordenador do Acampamento.
Leia também: Covid: Brasil tem 63,5 mil casos em 24h e OMS já relata cepa de Manaus em oito nações
Criado em 2015, o acampamento foi fruto da luta de famílias de trabalhadores organizados pelo MST. Antes uma área pública utilizada ilegalmente por cooperativas do agronegócio para testes de insumos, hoje o terreno é gerido por 150 famílias que vivem da venda de produtos com certificação agroecológica pela Rede Ecovida.
A doação do feijão orgânico das lavouras coletivas é uma tentativa do MST em garantir que o alimento tão popular não falte à mesa dos brasileiros.
Leia também: "Há um conjunto de cristãos que não apoia iniciativas de Bolsonaro", afirma pastora
Em 2020, o quilo do feijão teve aumento médio de 45,39% na região metropolitana de Curitiba, de acordo com pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que registrou também uma queda de 35% na venda do alimento.
A iniciativa compõe as ações de solidariedade do MST no estado. De março de 2020 até agora, 504 toneladas de alimentos foram doadas por famílias sem terra a entidades, hospitais e pessoas carentes do Paraná.
“Para nós não é qualquer colheita de feijão, para nós tem um significado muito maior, porque esse produto será um alimento para a partilha”, define Liana Franco, da coordenação estadual do MST no Paraná.
Edição: Leandro Melito