Dois policiais militares foram afastados de suas funções em Laguna (SC), na última segunda-feira (8), após imagens de câmeras de segurança comprovarem que eles conduziram Diego Bastos Scott, de 39 anos, para dentro de uma viatura em 15 de janeiro de 2021. O homem está desaparecido desde então.
As câmeras utilizadas nos uniformes dos agentes durante a abordagem estavam desligadas. A polícia apura “se houve falha no sistema das câmeras ou se o desligamento foi proposital”.
Leia mais: O que está por trás da truculência da Polícia Militar?
O possível envolvimento dos dois PMs no desaparecimento de Scott é investigado pela Polícia Civil. Eles não tiveram o nome divulgado à imprensa, e a defesa alega que a câmera que fica com os policiais estava sem bateria.
Ambos negam participação no desaparecimento e foram deslocados para “atividades administrativas”, segundo o Comando da Polícia Militar de Santa Catarina.
Relembre o caso
Em 15 de janeiro, a PM foi chamada ao bairro Progresso após o relato de uma briga entre Scott e o pai. No boletim de ocorrência, os policiais mentiram que o homem havia deixado o local antes de eles chegarem.
Confrontados com as imagens das câmeras de segurança, os agentes mudaram a versão disseram que levaram Scott para um lugar distante, para ele “não incomodar mais os parentes”.
A PM afirma que as brigas eram frequentes e que, segundo os familiares, Scott é dependente químico. Ele estava desempregado no momento em que foi levado por policiais.
As investigações correm em sigilo. Além da Polícia Civil, o 28º Batalhão da PM também apura os possíveis crimes de ordem militar e de transgressão disciplinar militar.
Leia também: Violência tem cor: 86% dos 1.814 mortos pela polícia do RJ em 2019 eram negros
O prazo do inquérito militar é de quarenta dias, com possibilidade de prorrogação por mais 20.
Desde que Scott desapareceu, familiares e amigos vêm organizando manifestações pacíficas em frente à sede do Fórum da Comarca de Laguna. Com balões pretos, apitos e gritando palavras de ordem, eles pedem que haja justiça e que não se repita a impunidade registrada em casos análogos, de repercussão nacional.
Um dos episódios mais conhecidos de desaparecimento de um cidadão após ser detido por policiais ocorreu no Rio de Janeiro (RJ) há quase oito anos, e teve mais um desdobramento na semana passada. O major Edson Raimundo dos Santos, condenado por tortura e desaparecimento do corpo do pedreiro Amarildo de Souza, foi recolocado pela Secretaria de Estado da Polícia Militar do Rio de Janeiro no quadro de oficiais da Polícia Militar em 28 de janeiro.
Edição: Rogério Jordão