Essa quinta-feira (11) das Flores, vai florir. O bloco As Calungas Ano VII, que tradicionalmente desfila em João Pessoa (PB), não irá se apresentar na rua, mas tem Calunga nas casas, numa live que será transmitida nesta quinta, a partir das 20h, no canal As Calungas Oficial, no Youtube.
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Na live, vai rolar show da mestra Penha Cirandeira, além da exibição de um vídeo com as alunas do bloco tocando a partir de suas casas.
Todo ano o bloco faz uma homenagem a uma mulher, uma figura feminina importante para a cultura popular. Este ano será a vez da mestra Penha Cirandeira. Já foram homenageadas Dona Lenita (coco Novo Quilombo, Conde/PB), Vó Mera (João Pessoa), Dona Teca (Coco de roda e ciranda do Mestre Benedito, Cabedelo/PB), Zabé da Loca e, no ano de 2020, a Mestra Tina, do Cavalo Marinho Infantil do Bairro dos Novais.
“Penha Cirandeira, além de ser uma referência, uma mulher de luta, a nossa vontade de homenagear ela já foi de outro ano, só que ela estava desaparecida do cenário musical e ninguém sabia onde ela estava, daí conseguiram localizá-la no Rio de Janeiro vivendo numa situação precária, sem fazer a arte dela, sobrevivendo de ajuda, de doação. E aí fizeram uma campanha, trouxeram ela pra cá, então nada mais justo do que homenageá-la. Ela é uma inspiração para a gente”, destaca Priscila Fernandes, uma das coordenadoras do grupo .
Para Del Santos, também organizadora do bloco, a ansiedade para a live desta quinta é a mesma de outros carnavais: “Amanhã seria o dia de colocar o nosso bloco na rua, mas a gente vai colocar o nosso bloco na tela! Nós que estamos vivendo um momento atípico, desde 2019 com esse estado de pandemia, mas vamos levar para a tela de cada pessoa a mesma energia, buscar fazer um bloco de forma virtual com a mesma garra, com a mesma emoção, como se a gente tivesse pessoalmente”, vibra ela.
Um vídeo será exibido, num mosaico, com a compilação de cada uma das alunas tocando em suas casas. “Infelizmente nem todos puderam mandar, porém boa parte enviou”, conta Priscila.
O grupo de percussão As Calungas é formado só por mulheres e está em atividade desde 2012. Já chegou a contar com 160 mulheres em oficinas gratuitas de percussão (caixa, alfaia, agbê, agogô e ganzá). Com foco maior nos ritmos nordestinos, o grupo promove ensaios nos cerca de cinco meses que antecedem o carnaval.
Com seu próprio bloco na avenida desde 2015, a ideia é possibilitar o protagonismo da mulher através da aprendizagem musical. Tocando arranjos musicais próprios, o cortejo sai nos festejos desfilando nas ruas do Centro Histórico de João Pessoa.
A ‘calunga’ é uma boneca de pano das brincadeiras de outrora, e foi na intenção de buscar enfrentar, com força e suavidade, a pressão sonora, social e cultural do batuque percussivo que o grupo escolheu esse símbolo para nomear e representar seu trabalho de percussão com mulheres.
É também uma poderosa divindade das religiões afrobrasileiras que toma a forma de uma boneca de madeira nas nações de maracatu, representando assim a profunda relação com a ancestralidade negra que o grupo traz consigo.
Assista ao vídeo em homenagem a todas as mulheres que compõe o Bloco As Calungas
"Eu saúdo a mulher que fui
Eu saúdo a mulher que sou
Eu saúdo a mulher que posso ser
Pra crescer, me fortalecer"
Música: Eu saúdo a mulher - @juribeiro.percussao e @lucillepp
Fonte: BdF Paraíba
Edição: Maria Franco