Os petroleiros da Bahia entram em greve por tempo indeterminado a partir da madrugada desta quinta-feira (18). A categoria afirma que a paralisação é uma resposta em defesa dos empregos e dos direitos. Também denunciam assédio moral e a insegurança nas unidades do sistema Petrobras. A decisão foi tomada na semana passada, em assembleia realizada pelo Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA). O pano de fundo das insatisfações dos trabalhadores é a privatização da Refinaria Landulpho Alves (Rlam).
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Na semana passada, a Mubadala Capital, fundo de investimentos de Abhu Dhabi, foi anunciada como vencedora da disputa pela refinaria. Eles vão pagar US$ 1,65 bilhão pela Rlam, quatro terminais de armazenamento e um conjunto de oleodutos totalizando 669 km. A Petrobras pretende concluir o processo de privatização até o mês que vem.
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A direção da Petrobras alega que a greve dos petroleiros seria “abusiva”, por não se tratar apenas de reivindicações trabalhistas. Por isso, disse que vai adotar as medidas jurídicas cabíveis contra a paralisação. Afirmam também que a estatal teria “autonomia” para decidir sobre o processo de “desinvestimento”, que inclui a privatização da Rlam.
Monopólio
De acordo com a Federação Única dos Petroleiros (FUP-CUT), a venda da Rlam deverá causar um monopólio regional privado, que deve controlar o mercado de combustíveis, gás natural e insumos em toda a região Nordeste. A FUP alerta para o risco de elevação dos preços e, até mesmo, desabastecimento.
Além disso, em reunião com o governador Rui Costa realizada nesta terça-feira (16), os petroleiros dizem que a privatização da Rlam ameaça 900 empregos diretos e outros 1.700 indiretos. Outra consequência deve ser a perda de arrecadação nos municípios onde se localizam a refinaria e os terminais de distribuição. Rui disse que vai solicitar uma reunião com o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, para tratar sobre a venda da refinaria e seus impactos. Além disso, ele também levará esse assunto para discussão no Consórcio do Nordeste, órgão que reúne os governadores da região.
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“Falamos sobre a possibilidade de desabastecimento, principalmente de gás de cozinha, que existirá no nosso estado, se a refinaria vier a ser privatizada, possibilidade essa que também foi sinalizada pela Agência Nacional do Petróleo (ANP)”, afirmou o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, sobre a reunião com o governador.
Preço justo
Também nesta terça-feira (16), o Sindipetro-BA realizou a venda de gasolina a “preço justo” num posto que fica na região do Dique do Tororó, em Salvador. Os primeiros 50 motoristas puderam adquirir até 20 litros de gasolina pagando R$ 3,50 por litro. Desde o início da manhã, carros e motos formavam fila para aproveitar o desconto em relação ao preço de mercado.
A ação serviu para protestar contra a política da Petrobras baseada no Preço de Paridade Internacional (PPI). Adotada pela estatal a partir de 2017, no governo Temer, essa política é responsável pela elevação dos preços dos combustíveis, que passaram a acompanhar as flutuações do mercado internacional. De acordo com os petroleiros, além da gasolina a R$ 3,50, o o litro do diesel também deveria ser comercializado a R$ 3,00 e o botijão de gás de 13 quilos, a R$ 45. “Esses são os preços que deveriam estar sendo praticados nos derivados mais utilizados pela população”, declarou o diretor do Sindipetro-BA, Radiovaldo Costa.