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Petroleiros suspendem greve na Bahia para negociar; Petrobras sobe preço da gasolina

Trabalhadores protestam contra privatização e seus efeitos negativos. Inclusive para o consumidor

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Petroleiros iniciaram greve na Bahia e tiveram apoio da categoria em outras regiões - FUP

A greve dos petroleiros na Refinaria Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, começou com corte de turno e movimentos de apoio em outras unidades da Petrobras, que atrasaram a entrada dos turnos.

Mas no final da tarde desta quinta-feira (18), o Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro) do estado anunciou a suspensão do movimento. Isso porque, segundo o coordenador da entidade, Jairo Batista, a empresa fez comunicado “externando sua vontade de exaurir a negociação”.

Antes disso, segundo os petroleiros, sem a rendição a empresa manteve na refinaria operadores que já tinham terminado o seu turno de trabalho – o Sindipetro diz que isso configura cárcere privado.

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“A estatal também tentou interferir no legítimo exercício de greve da categoria”, afirmou a Federação Única dos Petroleiros (FUP). “E isso com pressão, atitudes antissindicais e o uso da polícia.” Já a empresa falava em movimento abusivo.

Primeira refinaria brasileira, com 70 anos de existência, a Landulpho Alves foi vendida recentemente para um grupo árabe de investimentos, Mubadala, que fez oferta de US$ 1,65 bilhão.

O negócio ainda precisa ser ratificado legalmente. Os petroleiros protestam contra o processo de privatização de refinarias iniciado pela Petrobras. Eles também apontam descumprimento de cláusulas do acordo coletivo de trabalho.

Impactos negativos

“Além de garantir os empregos e os direitos dos trabalhadores próprios e terceirizados da Petrobras que vão ser afetados com a venda da Rlam, nosso objetivo com a greve e com os atos que promovemos hoje em todo o país é denunciar os impactos negativos para a população das privatizações das refinarias, terminais e sistema logístico que a atual gestão da Petrobras está promovendo”, afirmou o coordenador geral da FUP, Deyvid Bacelar.

“A venda da Rlam e de outras refinarias pode criar monopólios regionais privados, e isso vai aumentar ainda mais os preços dos combustíveis”, acrescentou.

A empresa, por sinal, anunciou novo aumento de preços do diesel e da gasolina, a partir de sexta-feira (19). Os preços médios para as distribuidoras sobem 14,7% e 10,2%, respectivamente. É o segundo reajuste no mês. A gasolina já subiu quatro vezes neste ano e o diesel, três. A Petrobras fala em “alinhamento” ao mercado internacional.

Mais caro na bomba

“Só nestes dois primeiros meses de 2021, a gestão privatista da Petrobras já aumentou em 34,7% o preço da gasolina nas refinarias”, diz a FUP. Já no caso do diesel, a alta acumulada é de 27,7%.

“Obviamente que esses valores vão chegar bem mais altos para o consumidor final na bomba do posto”, lembrou Rosângela Buzanelli, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da companhia.

Representantes de centrais sindicais participaram de assembleia diante da Rlam, no município de São Francisco do Conde, região metropolitana de Salvador.

Para o presidente da CUT, Sérgio Nobre, por exemplo, nenhum país cresce sem defender seus setores estratégicos e sem base industrial forte. Por isso, a questão não se restringe aos petroleiros. “Em todos os momentos da história do Brasil em que esse país cresceu, gerou emprego, distribuiu renda foi induzido pelo Estado”, afirmou.