O dia de volta às aulas presenciais na cidade de Buenos Aires, nesta última quarta-feira (17), foi também um dia de protestos de trabalhadores contrários à reabertura das escolas. Os sindicatos e as organizações civis convocaram a uma greve de 72 horas, até sexta-feira (19) para expressar rejeição à negligência com trabalhadores e estudantes durante a pandemia da covid-19 em prol do "marketing da educação".
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A União de Trabalhadores da Educação (UTE) iniciou um processo judicial contra o governo do chefe de governo da cidade de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, pelos danos pessoais e sanitários ocasionados na comunidade educacional pela reabertura das escolas durante a pandemia.
"As aulas voltaram em um contexto completamente inseguro", frisa Fabia García Panelli, integrante do coletivo Famílias por um Retorno Seguro à Escola, contando sobre o primeiro dia de aulas nesta quarta-feira. "Falta de material de limpeza, equipes, estrutura.
Requisitos de segurança nas escolas
Algumas escolas não têm a ventilação necessária, um requisito de segurança sanitária. Pessoas de sindicatos deixaram cartazes indicando as carências que cada uma das escolas tinham, e as cooperadoras que puderam tiveram que comprar termômetros para as escolas, porque não funcionavam. Essa volta se deu de uma maneira realmente patética", opina.
O coletivo Famílias por um Retorno Seguro à Escola reúne a pelo menos 8.500 famílias e ressaltou que "famílias e professores são obrigados a retornar às salas de aula em plena pandemia, com um altíssimo nível de circulação viral na cidade e na província de Buenos Aires, sem que haja começado a campanha de vacinação em nível massivo." Sem as condições sanitárias necessárias para a volta às aulas, o coletivo define a decisão dos governos como um "experimento sanitário e pedagógico com fins incertos e possivelmente trágicos".
Marcando o início da jornada, a Associação Docente da Cidade de Buenos Aires (Ademys) realizou uma conferência de imprensa em frente à sede do governo portenho, junto às organizações Famílias por um Retorno Seguro à Escola e Vagas para Todxs na Escola Pública. "Há um mês, estamos lutando contra essa proposta do governo da cidade de arir as escolas sem nenhuma condição", abriu a conferência a secretária geral da associação, Mariana Scayola.
"O governo da cidade está abrindo as escolas e convocando as crianças à presencialidade sem investir um peso para garantir as condições dos banheiros, elementos de segurança, infraestrutura e transportes públicos", pontuou Scayola.
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Modalidade mista de ensino
Como contraponto ao protocolo, que prevê exclusivamente as aulas presenciais – com exceções de pessoas que integrem grupos de risco –, as organizações propõem a modalidade mista, uma vez que esteja iniciada a campanha de vacinação voltada para o grupo prioritário conformado por trabalhadores da educação. Por enquanto, a exigência é pela manutenção da modalidade virtual, com investimento para garantir a conectividade de trabalhadores e estudantes, assim como equipamentos necessários para o exercício da atividade.
Já na semana passada, a situação de despreparo estava anunciada. As equipes educacionais retornaram às escolas para preparar o início das atividades no dia 17, e difundiram fotos e vídeos que revelavam falta de sabão líquido e papel higiênico nos banheiros, além da situação nos transportes públicos, que já se
Neste sentido, a Coordenadora de Estudantes de Base (CEB) lançou a campanha #NoSomosSuPrioridad ("Não somos sua prioridade"), convocando à difusão de fotos e vídeos mostrando o estado das escolas na cidade.
Este miércoles 17 a partir de las 11hs acompañanos con fotos/videos de tu escuela con el #NoSomosSuPrioridad para hacer visible el estado de nuestras instituciones.
— CEB (@CEB89155661) February 16, 2021
¡QUEREMOS UNA VUELTA SEGURA PARA TODXS! pic.twitter.com/JhePzwd8FW
Além da cidade de Buenos Aires, as províncias de Santa Fe, Santiago del Estero e Jujuy também retomaram as aulas presenciais em alguns níveis.
A jornada que marcou o dia de volta às aulas presenciais na cidade de Buenos Aires reforçou: "sem condições epidemiológicas, de infraestrutura nem salariais, não podemos voltar à presencialidade".
*Com informações de Resumen Latinoamericano
Edição: Rodrigo Durão Coelho