O Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) acusa o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de promover uma reunião com assentados, na última quarta-feira (17), no Assentamento Zumbi dos Palmares, em Mucuri, no sul da Bahia com o objetivo de desmobilizar o assentamento.
“As investidas do governo Bolsonaro contra as famílias Sem Terra na região do Extremo Sul da Bahia continuam evidentes", afirma em nota o MST.
Ainda de acordo com o movimento, pessoas que acompanhavam os servidores do Incra, entraram no local, atacaram os assentados e queimaram bandeiras do MST espalhadas pela área, onde vivem 83 famílias.
"A ação que deu início em setembro do ano passado com a presença da Força Nacional, hoje segue com a formação de milicianos dispostos a desorganizar e criar conflitos dentro das áreas de reforma agrária, com objetivo de deslegitimar e criminalizar a luta das famílias Sem Terra na região”, diz o texto divulgado pelo movimento.
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Em setembro de 2020, a Força Nacional foi enviada pelo governo federal à região para acompanhar o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em ações dentro de assentamentos do MST nos municípios de Prado e Mucuri.
“Não aceitaremos as ações deste governo fascista que se configura como um ataque às conquistas da classe trabalhadora. Essa é uma região da Bahia onde o MST concentra sua maior força organizada, com as famílias produzindo alimentos saudáveis em defesa da reforma agrária e na luta pela transformação social”, afirmou Paulo César, da direção estadual do MST na Bahia.
O Brasil de Fato entrou em contato com o Incra. Até o fechamento desta matéria, o órgão não havia se manifestado. Caso uma resposta seja enviada, ela será incluída no texto.
Outro lado
Em nota, o Incra reconheceu que houve "uma reunião com as 80 famílias do assentamento Fazenda Esperança (Zumbi dos Palmares), no município de Mucuri, no Extremo Sul da Bahia. Nesse encontro foi comunicado às famílias sobre o retorno das atividades da força-tarefa do Incra no Extremo Sul. Entre as ações que serão levadas às famílias da Fazenda Esperança estão o pagamento do crédito instalação, a entrega do Contrato de Concessão de Uso (o título provisório) e a demarcação dos lotes, que objetiva, entre outras finalidades, a titulação definitiva das famílias."
Edição: Leandro Melito