Enchente

Vítima da cheia no Acre relata situação no estado: "Tem casa que a gente não vê mais"

Famílias que moram próximo ao Rio Iaco foram as mais afetadas. Rio está dois metros e meio acima do nível de alagamento

Belém (PA) | Brasil de Fato |

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Casa praticamente coberta pela água, em Sena Madureira, no Acre; famílias estão vivendo em abrigos - Douglas Moura/Arquivo Pessoal

"Foi muito rápido. Em dois dias já tinha água dentro de casa". O depoimento acerca do alagamento que atinge o estado do Acre é de Douglas Moura, morador do município de Sena Madureira, um dos atingidos com as enchentes no estado.

Segundo a Defesa Civil do Acre, mais de 37 mil famílias estão desalojadas ou desabrigadas. A enchente afeta 10, dos 22 municípios do estado.

Moura reside no bairro Centro, próximo ao Rio Iaco. Ele conta que muita coisa ficou para trás no momento em que ele teve que abandonar a casa com a esposa e seus três filhos. 

"Nós corremos para salvar as coisas, eletrodomésticos, roupas, cama. A mudança foi muito rápida. Os vizinhos ajudaram, a gente colocando as coisas no carro e a água entrando. Quando eu tirei as minhas coisas, a água já estava dentro de casa e eu ainda deixei algumas coisas que não consegui tirar", conta.


Douglas Moura, no dia 17 de fevereiro 2021, quando deixou a sua casa em decorrência da enchente em Sena Madureira, no Acre. / Douglas Moura/Arquivo Pessoal

A casa de Moura foi coberta pela água.  "Assim como foi na minha casa foi na dos meus vizinhos. Tem vizinho que dormiu e quando acordou a água já estava dentro da sua casa. Não deu tempo de tirar nada e eles perderam quase todas as coisas. Saíam mesmo só com a roupa do corpo."

A situação das enchentes já dura cerca de 12 dias. Ele explica que os primeiros bairros a sofrer com os alagamentos são os que ficam na parte mais baixa da cidade, principalmente os localizados próximos aos Rios Iaco, Purus e Caeté.

"Tem casa que a gente não vê mais. A água já cobriu tudo e com isso as pessoas tiveram que se mudar. Pessoas mudando para a parte alta da cidade atrás de casa para alugar e não tem mais casa para alugar. Outros mudando para a casa de parentes. Outros para abrigos", conta.

"A prefeitura municipal levou bastante gente para as escolas, quadra de esportes, ginásios e mantém essas pessoas dando alimentação."

Estado de calamidade

Apesar de sofrer cerca de 12 dias com o alagamento, o governo do Acre decretou estado de calamidade no último dia 16. 

Segundo comunicado do Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro irá visitar o Acre na próxima quarta-feira (24), após pedido do senador Márcio Bittar (MDB).

Como ajudar?

O Ministério Público do Acre está a frente da campanha para arrecadar roupas, alimentos, mantimentos e materiais de limpeza aos atingidos. Atualmente, além das enchentes o estado enfrenta problemas com a alta de casos da covid-19, aumento das notificações de dengue e crise migratória na fronteira com o Peru. 

Em Rio Branco (capital do Acre), o posto de coleta é no edifício-sede do MP-AC na Rua Marechal Deodoro, 472, Centro da capital acreana.

Em Sena Madureira, cidade que vive uma enchente histórica com a cheia dos rios Purus e Iaco, as doações podem ser deixadas no prédio da promotoria, que fica na Rua Monsenhor Távora, 415, Centro. Mais informações, aqui.

Covid-19

O governador Gladson Cameli (PP) disse, no último domingo (21), que aguarda o quinto lote de vacinas contra a covid-19 para o estado nesta terça (23).

No dia (9), os Ministérios Públicos Federal (MPF), do Trabalho (MPT) e o do Estado do Pará (MPPA) expediram ofício ao Ministério da Saúde requisitando esclarecimentos sobre os critérios adotados para a distribuição do novo lote. Isso porque Pará, Acre e Roraima não foram contemplados com lotes extras da vacina contra a  covid-19.

Edição: Leandro Melito