quando você finaliza a colheita, você vê que todo aquele trabalhinho pequeno surte um grande efeito
Qual o potencial das abelhas na economia e no equilíbrio da biodiversidade pelo nosso país? O trabalho de polinização dessas operárias da natureza nos garante os frutos e vegetais amplamente utilizados em nossa alimentação.
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Por outro lado, as abelhas estão ameaçadas pelo uso abusivo de agrotóxicos no Brasil, o que compromete toda cadeia que depende da atividade das abelhas.
Algumas espécies de abelhas também nos fornecem o mel. No interior do Ceará, por exemplo, a apicultura praticada pela Cooperativa Regional dos Trabalhadores Apícolas Assentados e Assentadas da Reforma Agrária tem transformado o modo de operação deste setor produtivo.
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Com 39 sócios fundadores, a cooperativa envolve mais de 160 famílias das regiões de Mombaça, Pedra Branca, Monsenhor Tabosa e Tamboril, no interior cearense. Uma das produtoras dessa cadeia é Wilca Souza, filha de um apicultor histórico. Ela está começando a aprender algumas técnicas e já está trabalhando nos apiários.
"É porque é uma coisinha tão pequena que você olha, assim de cara, e pensa: isso aqui não dá em nada. Mas quando você finaliza a colheita, você vê que todo aquele trabalhinho pequeno surte um grande efeito. A gente não precisa ter coisas tão grandes para ter uma coisa bacana", analisa Wilca.
A cooperativa tem apenas dois anos de atividade, mas já imprime uma nova metodologia de produção apoiada pelo programa São José e pelo Finapop. Os cooperados conseguem intensificar a produção sem a interferência de atravessadores. Os programas conseguiram apoiar a construção de cinco casas de mel e um entreposto. O novo formato também permite a participação da família e das mulheres.
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Sheila Rodigues, do setor de produção do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Ceará, explica o contexto.
"A discussão foi em torno daquilo que já existia. Eles [cooperados] já são apicultores, apicultoras, e vendiam a produção para atravessadores. Com o projeto, nós pensamos em organizar todo o sistema produtivo, que é deixar de ser produtor e passar a chegar até a parte de finalização, que é a de comercialização", afirma.
A expectativa é de que os produtores consigam dar conta de um processamento de 1 tonelada de mel por dia, seguindo os princípios de cooperação, respeito ao meio ambiente e preço justo.
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Com o Finapop, um financiamento de caráter popular, a escala produtiva pode chegar a seis toneladas de mel por dia, além de permitir que a cooperativa tenha capital de giro e adquira novos equipamentos.
"A cooperativa é dos assentamentos. Ela é regional, porque ela é de todos os assentamentos. Por isso que é um processo organizativo interno, porque são os assentados e assentadas que fundaram e estão construindo todo esse processo", ressalta Sheila Rodrigues.
Edição: Daniel Lamir