Pressão

Organizações lançam campanha por auxílio emergencial de R$ 600 até o fim da pandemia

Mobilização envolve criadores da iniciativa “Renda Básica que Queremos”; governo quer benefício de R$ 250 até junho

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

Ouça o áudio:

Segundo Datafolha, 53% do dinheiro de trabalhadores que receberam ao menos uma parcela do auxílio foram utilizados para compra de alimentos - Arquivo/Agência Brasil

O coro popular pela volta do auxílio emergencial no país se amplificou nesta terça-feira (2), com o lançamento de uma campanha que pede o retorno do benefício de R$ 600.

A mobilização nasce no seio de uma outra campanha, a “Renda Básica que Queremos”, que reúne mais de 100 entidades com atuação em diversas áreas sociais. As organizações pedem que o auxílio seja garantido enquanto durar a pandemia, que já provocou mais de 255 mil mortes no país e infectou cerca de 10,5 milhões de brasileiros.

Com a criação do site Auxílio Emergencial Até o Fim da Pandemia, as organizações buscam incentivar os cidadãos a pressionarem os parlamentares das suas regiões para pedir a aprovação imediata do benefício nessas condições.

Como pano de fundo do pedido, o cenário político criado pela gestão Bolsonaro tenta dificuldar a liberação da verba. Após idas e vindas, o governo enfrenta duras críticas porque tem afirmado que pretende garantir um benefício de quatro parcelas no valor de R$ 250, valor considerado insuficiente por atores políticos e sociais.

:: Pandemia: centrais sindicais pedem auxílio emergencial e isolamento imediato no país ::

A campanha das organizações é lançada na mesma data em que deve ser apresentado um novo relatório da Proposta de Emenda Constitucional 186/2019, conhecida como “PEC Emergencial”, pauta que o governo tem utilizado como ponto de barganha com a oposição e outros grupos legislativos para tentar avançar nas medidas de enxugamento da máquina estatal.

A ideia é encaixar o tema do auxílio em um dos dispositivos da PEC. A proposta ainda enfrenta muitas resistências no Congresso Nacional porque deve afetar as verbas para as áreas de saúde e educação. Diferentes bancadas partidárias pedem que essa condicionante seja retirada do novo parecer.

A política

O auxílio emergencial atendeu mais de 60 milhões de trabalhadores em situação de vulnerabilidade em 2020. Logo após o início do alastramento da covid-19 pelo país, a demanda partiu de legendas de esquerda e entidades civis, mas, diante do aprofundamento da crise socioeconômica, acabou atraindo também parlamentares e outros atores de tendência neoliberal.

O grupo responsável pela campanha lançada nesta terça (2) aponta que a verba do auxílio foi fundamental para atender necessidades básicas dos trabalhadores que receberam o benefício.

Dados do Datafolha colhidos em agosto de 2020 mostram que, entre aqueles que haviam recebido ao menos uma parcela, 53% dos recursos foram canalizados para a compra de alimentos. O restante foi destinado principalmente para pagamento de contas (25%), despesas domésticas (16%) e remédios (1%), entre outros.

Edição: Poliana Dallabrida