Os primeiros dias de março já cravam o mês como o pior desde o início da pandemia da covid-19 no Brasil. Um novo recorde de mortes em 24 horas foi divulgado na quarta-feira (3), com 1.910 vítimas do vírus , o maior número de óbitos em todo o mundo nesta data. É nesse contexto que camponesas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) iniciam uma jornada nacional com o tema “Mulheres pela vida, semeando a resistência contra a fome e as violências”. As mobilizações são em referência ao Dia Internacional da Mulher, o 8 de março.
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As ações serão entre 8 e 14 (de segunda a domingo) de março, em todo o país. No Paraná, estão previstas mobilizações em pelo menos 11 cidades, a partir da participação de agricultoras de dezenas de assentamentos e acampamentos.
Priscila Facina Monnerat, coordenadora do Coletivo de Mulheres do MST no Paraná, enfatiza o mês de março como o período anual marcado pela mobilização das mulheres. Neste ano, a defesa da vida ganha centralidade. “Este cenário que enfrentamos, de recordes de mortes pela covid-19, muita violência e insegurança, é resultado de uma política genocida do governo Bolsonaro. O que queremos é o retorno do auxílio emergencial, vacinas já e para todos, e o enfrentamento das várias formas de violência”, defende.
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Doações de alimentos, de marmitas e de sangue estão entre as principais iniciativas preparadas no Paraná. “Essas são formas que encontramos de expressar nossa solidariedade e nosso protesto diante deste cenário que o país enfrenta. Precisamos seguir nos protegendo coletivamente do coronavírus, mas encontrando formas também coletivas de reagir a esse governo criminoso”, afirma a agricultora, moradora do assentamento Contestado, na Lapa.
Estão sendo preparadas as doações de mil marmitas em Londrina e 1,1 mil em Curitiba, em parceria com a Marcha Mundial de Mulheres, no dia 8 de março. Além de doações em outras localidades, são elas: 180 cestas de alimentos agroecológicos a funcionários do hospital público de Castro; 300 quilos de alimentos a uma clínica que atende dependentes químicos na Lapa; uma tonelada de alimentos ao hospital de Paranavaí; 90 cestas de alimentos para famílias de uma associação de catadores de material reciclável de Francisco Beltrão; pães em Laranjeiras do Sul, e alimentos em Cantagalo e Quedas do Iguaçu.
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O movimento está organizando também doações de sangue, marcadas ao longo de toda a semana, em hemocentros de Curitiba, Londrina, Pato Branco, Boa Ventura de São Roque, Paranavaí e Maringá.
Para fortalecer a produção de alimentos para a continuidade das ações de solidariedade, haverá mutirão de plantio em agroflorestas coletivas em assentamentos de Jardim Alegre e da Lapa e plantio de jardins em homenagem a Marielle Franco, no dia 14, em diversas cidades do estado. Haverá atos simbólicos com faixas em defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) e pela vacina já e para toda a população.
As iniciativas serão realizadas com atenção aos cuidados contra a disseminação do coronavírus, com distanciamento social, uso de máscara e álcool em gel.
Pela vida, contra a fome e as violências
A defesa da vida está entre as principais preocupações das mulheres Sem Terra, em oposição ao descaso do governo Bolsonaro com o enfrentamento à pandemia, em especial com a falta de vacinas. Ao todo, 261.188 brasileiros já perderam a vida para a doença, o que coloca o país em segundo lugar no número de mortes no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
A denúncia da fome leva em conta os altos índices de desemprego. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população economicamente ativa no Brasil é de cerca de 100 milhões de pessoas, dessas, 14 milhões estão desempregadas, seis milhões estão em desalento (deixaram de procurar emprego) e 40 milhões vivem de bico, sem renda fixa e com muitas dificuldades de conseguir o básico, principalmente alimentação.
Somado a isso, o fim do auxílio emergencial, a alta no preço dos alimentos e do gás de cozinha também dificultam a garantia de comida na mesa.
Quando o assunto é violência, a pandemia também virou sinônimo de piora. O Brasil registrou 648 feminicídios no primeiro semestre de 2020, 1,9% a mais que no mesmo período de 2019, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
No total de assassinatos, o crescimento foi de 5% em 2020 na comparação com 2019, depois de dois anos consecutivos de queda. Foram registradas 43.892 mortes violentas, a maior parte delas de pessoas negras.
Confira as ações previstas por cidade
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Curitiba: preparação e doação de 1,1 mil marmitas no dia 8 de março, a partir do coletivo Marmitas da Terra e em parceria com a Marcha Mundial de Mulheres; doação de 1,1 mil marmitas no dia 10; doação de sangue entre os dias 9 e 12, no Hemobanco; e mutirão de plantio nas agroflorestas do assentamento Contestado, na Lapa, no dia 13.
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Castro: doação de 180 cestas para profissionais da saúde no hospital da cidade, no dia 8.
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Lapa: doação de 300 quilos de alimentos para uma clínica que atende dependentes químicos, no dia 8.
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Londrina: produção e distribuição de 500 marmitas no dia 8 e de 500 no dia 9; doação de sangue no Hemocentro da UEL nos dias 8, 9 e 10, com participação de 50 pessoas no total. Em diversas cidades da região norte haverá plantio de jardins em homenagem a Marielle Franco, no dia 14.
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Paranavaí: Doação de sangue ao longo da semana e doação de uma tonelada de alimentos ao hospital regional no dia 8.
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Maringá: Doação de sangue.
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Francisco Beltrão: doação de 90 cestas de alimentos para famílias de uma associação de catadores de material reciclável, no dia 8. Em diversas cidades da região haverá doação de sangue ao longo de todo o mês de maio.
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Laranjeiras do Sul: doação de pães, cucas e bolachas a famílias em situação de vulnerabilidade, no dia 8.
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Quedas do Iguaçu: doação de alimentos para a Casa do Idoso, no dia 8.
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Guarapuava: doação de sangue no dia 8.
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Boa Ventura de São Roque: doação de sangue ao longo da semana.
Fonte: BdF Paraná
Edição: Lia Bianchini