Mesmo com a pandemia de covid-19, o papa Francisco, já vacinado, iniciou na sexta-feira (5) uma visita de quatro dias ao Iraque, tornando-se o primeiro líder da Igreja Católica a visitar uma nação de maioria muçulmana. “Peço que acompanhem esta viagem apostólica em oração, para que ela ocorra da melhor maneira possível e dê os frutos que se esperam. O povo iraquiano nos espera", afirmou o papa na última quarta-feira (3).
Neste sábado (6), ocorreu o encontro histórico entre o papa e o grande aiatolá Sayyid Ali Al-Husayni Al Sistani, líder da comunidade xiita iraquiana. Segundo Matteo Bruni, porta-voz do Vaticano, o papa Francisco destacou a importância da colaboração entre as duas comunidades religiosas “para que, cultivando o respeito mútuo e o diálogo, se possa contribuir para o bem do Iraque, da região, de toda a humanidade”, de acordo com o site Vatican News.
“O encontro foi uma ocasião para o papa agradecer ao grande aiatolá Al Sistani porque, junto com a comunidade xiita, diante da violência e das grandes dificuldades dos últimos anos, levantou sua voz em defesa dos mais fracos e perseguidos, afirmando a sacralidade da vida humana e a importância da unidade do povo iraquiano”, disse ainda Bruni.
Em nota, o escritório do aiatolá informou que o líder destacou na conversa “o papel que os grandes líderes religiosos e espirituais deveriam desempenhar em frear (...) a injustiça, pobreza, perseguição religiosa, atos de violência, bloqueio econômico e deslocamento que muitos povos na nossa região sofrem, em particular, o povo palestino nos territórios ocupados”. O aiatolá Al Sistani também disse que é necessário “priorizar a razão e a sabedoria e rejeitar a linguagem da guerra”
No seu encontro com o presidente Barham Salih, o papa criticou as forças extremistas e pediu que os iraquianos dessem uma chance aos pacificadores. "O Iraque sofreu os efeitos desastrosos das guerras, o flagelo do terrorismo e os conflitos sectários muitas vezes baseado em um fundamentalismo incapaz de aceitar a coexistência pacífica de diferentes grupos étnicos e religiosos", afirmou Francisco ao presidente iraquiano. Por sua vez, Salih agradeceu a viagem e disse que o fato de o papa ter insistido nela, uma vez que havia sido adiada algumas vezes devido à pandemia de covid-19, "multiplica o valor desta visita para o povo iraquiano".
Ainda no primeiro dia, após a visita ao presidente Salih, Francisco foi até uma igreja de Bagdá, onde extremistas islâmicos assassinaram aproximadamente 60 pessoas em 2010.
No domingo, o pontífice viaja para Arbil, capital do Curdistão, uma região relativamente autônoma do governo iraquiano. O fim da viagem está previsto para a próxima segunda-feira (8), quando o papa voltará para Roma.
Edição: Mauro Ramos