O assédio é uma realidade, a desigualdade uma constante
No trabalho, assédio moral, preconceito e discriminação. No transporte público, assédio sexual e furto. Em casa, dupla jornada, tripla jornada, sobrecarga emocional.
Por todos os lados, altas taxas de violência física e psicológica. Parece exagero, mas é a realidade brasileira.
Neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a Rede Nossa São Paulo lançou a quarta edição da pesquisa Viver em São Paulo: mulher.
O estudo apresenta dados da percepção da população paulistana acerca de questões como assédio, desigualdade de oportunidades, divisão de tarefas domésticas e cuidados com filhas e filhos. Os dados são preocupantes.
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Ser mulher é risco de vida. A possibilidade de sofrer alguma violência é alta. O assédio é uma realidade, a desigualdade uma constante.
A desigualdade começa dentro de casa. De todas as perguntas feitas pela pesquisa, sobre a divisão de tarefas domésticas, os homens se saem bem em apenas dois quesitos: manutenção, como trocar lâmpadas e desentupir um cano, e tirar o lixo.
No quesito tirar o lixo, os homens são imbatíveis. Realizam a tarefa com altíssima competência: 58% deles o fazem, mas depois parece que ficam exaustos, pois todo o resto fica por conta da mulher, exceto uma ou outra manutenção. E todo o resto é uma imensidão de coisas.
Quase 90% das mulheres dizem que são elas que tomam conta dos filhos. E tudo o mais fica com as mulheres: fazer comida, limpar, arrumar, cuidar de pessoas da família como pais e avós, fazer compras, tomar decisões sobre o dia-a-dia, organizar a vida da casa, etc, etc, etc.
Temos aqui estresse, discriminação, violência psicológica. Os lares brasileiros são, em grande maioria, desiguais e machistas.
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As mulheres começam o dia com listas enormes de afazeres domésticos. Sem contar o trabalho fora de casa. A pesquisa mostra que as mulheres relatam abrir mão de estudar, de ter momentos de lazer e até mesmo de serem promovidas no trabalho em razão da sobrecarga doméstica.
Violência na rua e no trabalho
Quando saem à rua, é como ir a um campo de guerra: 88% das mulheres relatam aumento do assédio e da violência. Quase a metade das mulheres que vive em São Paulo já sofreu assédio no transporte público. Também relatam aumento do assédio dentro do próprio ambiente de trabalho.
:: Como denunciar casos de violência contra as mulheres? ::
Seis em cada dez mulheres que saem à rua o fazem com medo de assédio sexual ou estupro. No trabalho, um terço delas afirma ter sofrido preconceito ou discriminação.
Os dados não são bons. Os relatos de medo e de violência aparecem em diversos estudos. Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registra um estupro a cada oito minutos. O mesmo anuário diz que o feminicídio está em alta, que a violência contra a mulher também está em alta.
O balanço disso tudo é que as políticas públicas não estão funcionando. O governo tem culpa, o Congresso tem culpa. As mulheres estão sendo deixadas a própria sorte. As mulheres estão pagando a conta, muitas vezes com a própria vida.
Clique aqui para ter acesso à pesquisa completa.
Para saber mais sobre a Rede Nossa São Paulo, visite o site da organização.
Edição: Rebeca Cavalcante