OUTRO MODELO

MST inicia colheita de soja orgânica no Mato Grosso do Sul

Camponeses da região centro-oeste do país mostram que produção alternativa ao agronegócio é possível

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
O cultivo sem o uso de agrotóxicos é feito em cerca de 14 hectares de terras do Assentamento Itamarati, no município de Ponta Porã (MS) - Foto: Noemi Pacheco

Famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do Mato Grosso do Sul iniciaram a colheita de mais de 40 toneladas de soja orgânicas da safra 2020/2021. O cultivo sem o uso de agrotóxicos é feito em cerca de 14 hectares de terras do Assentamento Itamarati, em Ponta Porã (MS).

O projeto dos sem-terra, que estimam colher uma média de 700 sacas do grão, faz um contraponto ao agronegócio e a seu modelo de produção predatório que avança sobre a região centro-oeste e contra as áreas destinadas à reforma agrária. 

Trabalhadores do assentamento Ernesto Che Guevara, localizado em Sidrolândia (MS) também semeiam soja orgânica desde outubro do ano passado.

O movimento planeja produzir soja e milho orgânico em cerca de 100 hectares dos assentamentos ao longo de cinco anos. 

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Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), apontam Mato Grosso do Sul como o estado onde o agronegócio mais cresceu de 2019 para 2020, colocando-o na posição de 5ª maior produção de grãos do país. O crescimento no período foi de 6,8%.

Segundo José Josceli, do setor de produção do MST no Mato Grosso do Sul, a colheita da soja orgânica mostra que uma produção menos danosa para a terra e para o ser humano é uma alternativa.

“A antiga fazenda Itamarati, que pertencia a um único dono até 2001, era considerada a maior produtora de soja, porém as principais informações não eram divulgadas, como o alto custo para a população e ao meio ambiente. Olacyr de Moraes [antigo dono] ficava com o lucro, com as lavouras e as estruturas financiadas com recursos públicos. Sem contar que milhares de litros de agrotóxico eram despejados na natureza”, denuncia.

O MST é o maior produtor de arroz orgânico da América Latina e desde que a pandemia do coronavírus chegou ao Brasil realiza ações de solidariedade doando alimentos e itens de higiene. Somente em 2020, foram mais de 3.800 toneladas de alimentos.

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Ainda que sejam referências em meio a uma crise sanitária sem precedentes, os agricultores familiares não receberam o devido auxílio por parte do governo federal.

Em agosto do ano passado, o presidente Jair Bolsonaro vetou a maioria dos artigos do então projeto de lei Assis Carvalho, que previa auxílio financeiro aos agricultores durante o surto da covid-19. O recurso seria repassado para os produtores que não receberam o auxílio emergencial. 

*Com informações do MST
 

Edição: Douglas Matos